Passam hoje exatamente três meses: a 24 de fevereiro, as tropas russas começaram a bombardear. Encarregado que estava da VISÃO DO DIA dessa manhã, o editor-executivo Filipe Luís logo fez soar as sirenes: O chefe de armazém invadiu a Ucrânia: rebentou a guerra foi o título da newsletter que enviou para os nossos leitores. O chefe de armazém a que o Filipe se referia era, naturalmente, Vladimir Putin, que em tempos tinha sido comparado por Barack Obama, o rei do soft power, a um chefe de armazém com armas nucleares e poder de veto no Conselho de Segurança da ONU: “Um homem duro, com a inteligência das ruas, sem sentimentalismo.”
Reavivamos a nossa memória de curto prazo, a qual, como sabemos, tende a esvair-se à medida que os anos passam – tal como, de resto, se esvaem as reações iniciais mais emotivas, provocadas pelo turbilhão das primeiras bombas… A invasão russa não apanhou desprevenidos os mais informados, mas surpreendeu pela dimensão: as tropas de Putin entraram pela Ucrânia adentro, por terra, por mar e pelo ar, não se limitando às regiões de Donetsk e de Lugansk, no Leste. As opiniões públicas do Ocidente manifestaram-se e solidarizaram-se com o povo ucraniano, organizaram-se humanitários e acolheram-se refugiados (100 milhões de deslocados no mundo, anunciou ontem o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados). Gritou-se: Slava Ukraini (“Glória à Ucrânia”)!