Esta madrugada, várias cidades ucranianas foram bombardeadas pela Rússia. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao mesmo tempo que apelava à população para que não entrasse em pânico, prometeu “vitória”. As condenações ocidentais do ataque russo são gerais, Joe Biden promete resposta, as bolsas afundam e o preço do petróleo dispara. E António Costa (ver esta newsletter mais a baixo) vai reunir o Conselho de Defesa Nacional.
“O Putin é sensível a quaisquer descortesias. Talvez seja boa ideia o senhor abrir o encontro perguntando-lhe a opinião sobre o estado das relações entre os EUA e a Rússia e dar-lhe tempo para desabafar”. O conselho foi dado pelo ex-embaixador americano em Moscovo, em julho de 2009, ao então recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na própria manhã em que, pela primeira vez, este se encontraria com Vladimir Putin. O mesmo Putin que acaba de anunciar, nesta madrugada, a sua “opção por uma operação militar”. A invasão da Ucrânia começou.
Vale a pena referir o nome do diplomata estadunidense autor da avisada dica a Obama: chamava-se ele William Burns, figura indispensável no inner circle do presidente dos EUA, transferido da missão diplomática na capital russa para seu subsecretário de Estado para os Assuntos Políticos. Não por acaso, 12 anos depois, Burns foi o escolhido pelo presidente Joe Biden (que era, em 2009, o vice de Obama) para diretor da CIA. E é, portanto, neste momento crítico, este russólogo que se encontra à frente da agência americana de inteligência. O mundo é pequeno.