O projeto D’Avó With Love (da avó com amor) conta com a colaboração de algumas companhias têxteis de Guimarães que fornecem fronhas de almofada, mas existe também uma empresa de base tecnológica que impregna o tecido de nanopartículas repelentes de mosquitos, antrs de entrarem em ação os idosos que transformam as fronhas em vestidos. A seguir, a roupa é enviada para locais onde vivam crianças carenciadas.
A ideia surgiu através do Dish Mob, um movimento cívico, sem fins lucrativos, que pretende promover as empresas e os produtos da região e do país através de ações de divulgação.
O projeto já foi além fronteiras para ser apresentado na feira têxtil Heimtextil, em Frankfurt, na Alemanha, que conta com cerca de 2700 expositores de todo o mundo. A Visão Solidária entrevistou Sílvia Correia, mentora do D’Avó With Love, que nos contou como correu a nova conquista.
Como foi o arranque deste projeto que transforma fronhas em vestidos para crianças?
O Dish Mob é um movimento que envolve várias pessoas em Braga a nível de atuação cívica. O projeto D’Avó with love foi uma ideia de um dos elementos do grupo que soube de uma história parecida – a de uma senhora que confeciona vestidos para crianças necessitadas em Africa – e foi lançado o desafio. Uma vez que nós estamos junto da zona da indústria têxtil por excelência em Portugal, achámos que podíamos fazer a diferença a partir daqui, mas com características agregadoras: unindo a indústria têxtil e proporcionando um envelhecimento ativo junto de lares, mas também junto de pessoas que estejam em casa e que queiram ajudar, assistindo à formação que nós damos sobre transformação de fronhas em vestidos.
Qual tem sido a reação dos idosos? O projeto tem, efetivamente, contribuído para o envelhecimento ativo?
Sim, tem sido um projeto que tem feito a diferença a vários níveis, nomeadamente em termos ocupacionais – é esse o nosso principal objetivo. A autoestima, o trabalho de equipa ou a destreza física também são trabaçhadas através deste projeto. Mesmo as próprias auxiliares reconhecem na iniciativa uma forma de trabalhar as competências das pessoas mais idosas.
Conseguiram transmitir esta componente solidária aos visitantes da Heimtextil? Qual foi o feedback?
Foi conseguido esse objetivo porque as pessoas que nos abordaram – pessoas de vários quadrantes, sejam compradores, sejam pessoas de outras empresas – ficaram positivamente surpreendidas com o projeto porque não imaginavam que tivesse esta dimensão e esta forma de trabalhar. Conseguimos não só angariar mais empresas parceiras, que era um dos objetivos desta participação, como também chamar a atenção do público, não só do público português, como também do público estrangeiro que ficou curioso com o projeto. Criou-se um networking de contatos e de intenções que de outra forma seria difícil fazer. Com esta presença física foi possível, no fundo, internacionalizar o conceito, a bem das crianças que irão beneficiar de tudo isto. Foi uma participação extremamente positiva porque também alerta para uma questão muito importante na sociedade: o envelhecimento ativo.