Durante anos, venderam-nos a ideia de que íamos abandonar o inferno cinzento dos combustíveis fósseis e entrar num paraíso de energias verdes. Que deixaríamos de estar dependentes do gás e do petróleo de Estados pouco confiáveis, como a Rússia, e passaríamos a ser autossuficientes, com a ajuda do vento, do sol e da água. Mas a realidade é, como sempre, mais complexa do que isso. Na verdade, trocámos um problema por outro. Ou, para usar uma metáfora, a cocaína por heroína, diz-nos Guillaume Pitron, autor do livro A Guerra dos Metais Raros: O Lado Negro da Transição Energética e Digital.
A exploração dos minerais imprescindíveis para a transição energética não é inócua, lembra-nos o jornalista francês. Por trás da grafite, do cobalto, do lítio, do tungsténio, que nos permitem ter carros elétricos “zero emissões” e painéis solares e turbinas eólicas que produzem a tão desejada eletricidade “verde”, há um mundo também ele cinzento.