Da primeira vez, em 2019, muita gente se riu. Parecia apenas mais uma das suas bizarrias. Agora, já não parece piada: Donald Trump voltou à carga e parece querer mesmo que os EUA comprem a Gronelândia, um território autónomo, com pouco mais de 50 mil habitantes, pertencente à Dinamarca. Não há grande originalidade na ideia – o primeiro a propô-la, em 1867, foi William Seward, à época secretário de Estado.
Esta não seria, aliás, a primeira vez que os EUA alargariam o seu território com dólares. Em 1803, o Presidente Thomas Jefferson adquiriu a Napoleão o que então se designava por Louisiana, um território que abarca hoje parte ou a totalidade de 15 estados no interior americano, num negócio de 15 milhões de dólares. Mesmo ajustando o valor à inflação (370 milhões de dólares), não deixa, aos olhos de hoje, de parecer uma pechincha, mas Jefferson não teve a vida facilitada, com vários opositores a criticarem o Presidente por gastar dinheiro que o país não tinha – foi preciso contrair empréstimos em bancos ingleses e holandeses –, sobretudo quando o território poderia ser capturado sem grande oposição, dado a guerra que estava para eclodir entre França e Inglaterra; Napoleão, que já planeava invadir a Grã-Bretanha, sabia desse risco, e daí a sua motivação em vender.