Os dois agentes da PSP envolvidos na morte de Odair Moniz terão reconhecido à investigação que não foram ameaçados pela vítima com uma arma branca em punho, avança a CNN Portugal.
As declarações contrariam o primeiro comunicado da PSP sobre os acontecimentos ocorridos na madrugada da passada segunda-feira, na Cova da Moura, Amadora. Na nota publicada horas depois da morte de Odair Moniz, a polícia referia que a vítima teria “tentado agredi-los [aos dois polícias] com recurso a arma branca, tendo um dos polícias, esgotados outros meios e esforços, recorrido à arma de fogo e atingido o suspeito”.
Esta não é, aliás, a primeira vez neste caso que surgem informações que se confirmam falsas. A primeira notícia sobre o caso contava que Odair Moniz era suspeito de furto da viatura em que seguia, mas a VISÃO confirmou, junto de familiares, que o carro em que a vítima seguia quando foi parado pela polícia era dele; informação que a PSP confirmou, esta quarta-feira, em conferência de imprensa.
O primeiro comunicado da PSP também garantia que a vítima tinha sido “prontamente assistida no local”, mas um vídeo divulgado, esta quarta-feira, pela VISÃO, mostra que, após os disparos, e durante vários minutos, nenhum dos polícias se aproximou do corpo de Odair Moniz para qualquer manobra de salvamento. Apenas, após alguma insistência dos homens que estão a filmar a cena do alto de um prédio, os agentes verificam o pulso da vítima.
De acordo com a notícia desta noite da CNN Portugal, terá havido “um confronto físico” entre os dois polícias e Odair Moniz, “com o suspeito a reagir à tentativa de detenção” – o que já constava do primeiro comunicado da PSP –, “mas sem que este tivesse empunhado uma faca, que estaria dentro de uma bolsa e que foi encontrada mais tarde junto à mesma”.
“No calor das agressões um dos agentes admite ter feito três disparos, um para o ar e dois que atingiram a vítima, na zona da axila e no abdómen”, lê-se na notícia. A CNN Portugal também apurou que a vítima tinha cadastro por tráfico de droga e crimes violentos, tendo chegado a estar preso. Odair Moniz, 43 anos, foi declarado morto, às 06h20, no Hospital São Francisco Xavier. Deixa três filhos.
O PSP autor do disparo que matou Odair Moniz já foi constituído arguido, depois de ter sido ouvido pela Polícia Judiciária. O jovem agente, na casa dos 20 anos, entregou a arma aos investigadores e saiu em liberdade. Estará a receber acompanhamento psicológico e meteu um período de férias, alegadamente por ordem superior, confirmou a VISÃO.
O Ministério da Administração Interna também determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um inquérito “com caráter de urgente” para apurar o que aconteceu. Além deste inquérito na IGAI, a PSP já tinha anunciado a abertura de um inquérito interno junto dos polícias e de testemunhas para apurar as circunstâncias que originaram esta ocorrência – como é habitual nestes casos.