Ao longo da História, muitas tradições têm acreditado que alguma falha fatal na natureza humana nos tenta a procurar poderes que não sabemos como lidar. O mito grego de Faetonte conta a história de um rapaz que descobre ser filho de Hélio, o deus Sol. Desejando provar a sua origem divina, Faetonte exige o privilégio de conduzir o carro do Sol. Hélio avisa Faetonte de que nenhum humano pode controlar os cavalos celestes que puxam a carruagem solar. Mas Faetonte insiste, até que o deus Sol cede. Depois de subir orgulhosamente ao céu, Faetonte perde de facto o controlo do carro. O sol desvia-se da rota, queimando toda a vegetação, matando numerosos seres e ameaçando queimar a própria Terra. Zeus intervém e atinge Faetonte com um raio. O humano vaidoso cai do céu como uma estrela-cadente, ele próprio a arder. Os deuses retomam o controlo do céu e salvam o mundo.
Dois mil anos depois, quando a Revolução Industrial dava os primeiros passos e as máquinas começavam a substituir os humanos em numerosas tarefas, Johann Wolfgang von Goethe publicou um conto com uma lição de moral semelhante intitulada O Aprendiz de Feiticeiro. O poema de Goethe (mais tarde popularizado numa animação da Walt Disney protagonizada pelo Rato Mickey) conta a história de um velho feiticeiro que deixa um jovem aprendiz encarregado da sua oficina e lhe dá algumas tarefas para realizar na sua ausência, como ir buscar água ao rio. O aprendiz decide facilitar as coisas a si próprio e, usando um dos sortilégios do feiticeiro, encanta uma vassoura para que lhe vá buscar a água. Mas o aprendiz não sabe como parar a vassoura, que continua a ir buscar mais e mais água, ameaçando inundar a oficina. Em pânico, corta a vassoura encantada ao meio com um machado, apenas para ver cada uma das metades tornar-se outra vassoura. Quando o velho feiticeiro regressa, o aprendiz implora por ajuda: Os espíritos que invoquei / agora não consigo livrar-me deles. O feiticeiro quebra imediatamente o feitiço e para a inundação. A lição para o aprendiz – e para a humanidade – é clara: nunca invoques poderes que não consegues controlar.