Encontrar o par de óculos de sol certo para o verão não passa apenas pelo sentido estético. Para além das diferentes cores e multiplicidade de formatos que existem atualmente, a escolha dos óculos de sol ideais deve também passar pela proteção que estes oferecem aos olhos. Durante os meses de verão – e consequente aumento da exposição solar – tal como a pele, também os olhos estão sujeitos aos perigos da radiação solar. A exposição não protegida aos raios UV – especialmente de forma prolongada – pode resultar no desenvolvimento de doenças oculares – como cataratas, conjuntivite ou alergias – que podem ser evitadas através da utilização de proteção adequada. No entanto, nem todos os óculos de sol são iguais ou oferecem a melhor proteção possível.
Que perigos representa a exposição solar para os olhos?
Os raios solares UV – principalmente os UVA e UVB – são especialmente prejudiciais à saúde ocular. “Num dia com luz solar muito intensa, os níveis elevados de luz tendem a saturar a retina e, por isso, a diminuir os níveis de sensibilidade ao contraste. A função dos óculos de sol é, assim, devolver à retina o nível máximo de sensibilidade ao contraste, eliminando o excesso de ‘ruído’”, explicou Álvaro Sá, oftalmologista, num artigo publicado no site do Hospital Lusíadas. A exposição solar prolongada pode levar a lesões oculares como a conjuntivite, queratite, alergias e outros problemas de saúde mais graves – como as cataratas – que, se não tratadas, podem levar a perda de visão total ou parcial, ao longo do tempo. Ademais, as lesões oculares pelos raios ultravioleta podem manifestar-se nas pálpebras – que pode sofrer queimadura solar –, na córnea – através da degeneração esferoidal da córnea –, no cristalino – associado ao aparecimento de catarata – e na retina – com o aparecimento de doenças como Degenerescência Macular relacionada com a Idade.
Os índices UV
Quando se utilizam óculos de sol, e devido à tonalidade mais escura das lentes, ocorre o aumento do tamanho da pupila – responsável por permitir a passagem da luz – de forma a facilitar a visão. Contudo, caso os óculos não possuam um elevado índice de proteção UV – que serve de barreira à penetração dos raios ultravioleta – a dilatação da pupila pode tornar-se ainda mais prejudicial. Ao contrário do que se possa pensar, as lentes mais escuras, por si só, não filtram os raios solares. Sem proteção UV, as lentes escuras apenas provocam a dilatação das pupilas, o que facilita o acesso dos raios solares.
Por este motivo, o aspeto mais importante quando se adquirem novos óculos de sol é o fator de proteção UV – radiações ultravioleta – que estes oferecem. Por norma, os óculos de sol devem conter um revestimento capaz de bloquear os raios UV. Divididos entre raios UVA – capazes de atingir as camadas mais profundas da pele e dos tecidos oculares – e os raios UVB – que atingem e penetram na camada exterior da pele e dos olhos – estes podem causar danos reais na saúde ocular.
+ Para saber mais sobre as diferenças entre os raios UVA e UVB leia aqui
Assim, deve procurar conhecer a percentagem de bloqueio dos raios solares – geralmente indicada através de uma etiqueta ou autocolante – com o símbolo “UV 400” (99% de proteção) ou “100% de proteção UV”. Para além disso, será ainda necessário perceber se os óculos possuem o símbolo CE – Conformidade Europeia – que garante que as suas lentes estão em conformidade com as normas da União Europeia.
Já as lentes polarizadas ou “espelhadas” – como são mais conhecidas – possuem um revestimento químico que filtra a luz e reduz o brilho das superfícies refletoras, mas que nem sempre significa a proteção contra os raios UV. “Isto pode reduzir a fadiga ocular e melhorar a visibilidade e o conforto durante atividades como conduzir, esquiar e andar de barco”, esclareceu Michelle Holmes, optometrista no Instituto Pacific Neuroscience, nos EUA, uma vez que o filtro polarizador colocado nestas lentes filtra, com mais qualidade, a luz refletida – na água, na areia ou em superfícies – e elimina o brilho dos planos à sua volta, mas não garante proteção extra contra os raios UV diretos, apesar da tonalidade da lente poder oferecer essa sensação.
Óculos de tonalidade clara ou escura?
É comum ouvir-se que os óculos de sol escuros oferecem uma melhor proteção contra os raios ultravioleta, contudo, tal não é necessariamente verdade. Embora as lentes muito escuras possam parecer uma melhor opção, sem os filtros UV adequados, apenas bloqueiam as faixas visíveis de luz, não a luz UV. Assim, as lentes escuras podem até levar ao agravamento de lesões oculares, por aumentarem o tamanho da pupila e deixarem entrar mais luz.
A armação
A armação dos óculos e a forma como estes assentam na cara é também um fator a ter em conta, uma vez que os óculos de sol protegem – para além dos olhos – a pele em seu redor. Se o seu tamanho não for o correto ou se não estiverem bem ajustados à cara, podem não proteger de forma adequada os olhos e a pele à volta dos raios solares. Recentemente, a popularização de formatos de óculos mais pequenos diminui a proteção que estes oferecem.
As pessoas com olhos claros são mais sensíveis à luz?
Segundo alguns estudos, pessoas que tenham íris de tonalidades mais claras – ou seja, menos pigmentadas – têm um maior risco de Degenerescência Macular da Idade – doença degenerativa da área central da retina também conhecida por DMI – em comparação com pessoas com íris de tons mais escuros e que apresentam uma maior quantidade de melanina nos tecidos. “Estudos mostram que pacientes cujas íris são azuis (menos pigmentadas) têm mais incidência de DMI em comparação com pacientes com íris castanhas”, referiu Sá.
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