Nas próximas semanas, é possível que nuvens brilhantes surjam no céu nas noites mais claras. Estas são as chamadas nuvens noctilucentes, que aparecem frequentemente como véus com estruturas fibrosas. As nuvens aparecem em tons prateados de azul e, ocasionalmente, em tons amarelados.
À noite, as nuvens brilham porque o sol, que não está muito baixo no horizonte, as ilumina obliquamente. “Atualmente, o Sol não desce mais de 18 graus abaixo do horizonte após o pôr do sol. Os melhores horários de observação nas nossas latitudes – ou seja, em Portugal continental e nesta altura do ano – são entre as 21 e as 22 horas ou de manhã, ao nascer do sol, entre as 4 e as 5 horas”, explica Björn Goldhausen, porta-voz de imprensa e meteorologista da Tempo & Radar.
Nuvens “de gelo” na parte superior da atmosfera
As nuvens nocturnas brilhantes formam-se na mesosfera a uma altitude de 80 a 85 quilómetros, principalmente sobre as regiões polares. Estas são constituídas por minúsculos cristais de gelo e são tão finas e transparentes que permanecem invisíveis durante o dia.
Segundo a Tempo & Radar, para que o gelo se forme a mais de 80 quilómetros de altitude, com uma baixa concentração de vapor de água, é necessário que a temperatura desça abaixo dos 130 graus Celsius negativos. “As medições mostram que isso só acontece entre meados de maio e agosto. Ao contrário das camadas de ar próximas da Terra, a atmosfera superior não aquece no verão, mas arrefece consideravelmente”, lê-se em comunicado.
Mais nuvens noctilucentes devido às alterações climáticas
Os cientistas descobriram que, apesar do aumento dos níveis de dióxido de carbono na parte inferior da atmosfera e do aquecimento global que lhe está associado, a mesosfera está a tornar-se mais fria e mais fina.
Segundo o Tempo & Radar, um site meteorológico que se baseia em dados do Centro Europeu de Precisão do Tempo a Médio Prazo,a troposfera “atua como uma espécie de manta térmica isolante e permite que menos calor suba para as camadas superiores. Isto faz com que a estratosfera e a mesosfera arrefeçam. Em consequência, a temperatura da mesosfera estival desceu um a dois graus por década nos últimos 30 anos, aproximadamente”. Além disso, há flutuações periódicas devido ao ciclo solar, que podem intensificar ou enfraquecer o arrefecimento.
Um segundo efeito também pode ser observado: O arrefecimento leva a uma maior contração da mesosfera. “Isto faz com que o limite superior desta camada perca altura. Esta diminui 150 a 200 metros por década, o que é confirmado por medições efectuadas por satélite”, lê-se em comunicado.
Ao mesmo tempo, o teor de água está a aumentar. A principal razão para este facto é o metano produzido pelo homem e libertado para a atmosfera. O metano, um gás com efeito de estufa, reage com o oxigénio para formar ozono, dióxido de carbono e água, entre outros.
Estes efeitos podem explicar porque é que as nuvens noctilucentes estão a tornar-se cada vez mais comuns.