O dia 29 de fevereiro surge apenas de quatro em quatro anos, excepto nas viragens de século, a não ser que o ano seja divisível por 400. Confuso? Isso é porque os cálculos matemáticos que foram necessários para se chegar a esta conclusão não foram simples, rápidos ou imediatos. Foram necessários anos de análise e experimentação para se chegar a esta contagem do tempo que sincroniza a translação da Terra com a contagem de um ano.
Quando é ano bissexto?
Diz a regra que os anos bissextos acontecem de quatro em quatro anos, em anos divisíveis por quatro. Porém, existe uma exceção a esta regra: quando se entra num novo século, ou seja, numa data terminada em 00, não há dia 29 de fevereiro, apesar de ser um ano divisível por quatro. E aqui temos nova exceção, pois se o ano de viragem de século for divisível por 400, temos ano bissexto, tal como aconteceu em 2000.
Porque precisamos dos anos bissextos?
Há duas unidades de tempo fundamentais: o dia, que corresponde ao tempo que a Terra demora a completar um movimento de rotação, ou seja, uma volta sobre o próprio eixo, e o ano, que equivale, na teoria, ao movimento de translação, que é o tempo que o planeta demora a dar uma volta completa em volta do Sol. Mas isto acontece na teoria já que a Terra demora 365,24219… (cerca de 365 e um quarto) dias a percorrer a órbita até voltar à posição inicial. Ou seja, não são precisamente 365 dias nem 366, mas um período que fica no meio.
Esta situação foi identificada há muito, assim como a necessidade de se encontrar uma solução. Em 46 a.C., Júlio César pediu aos seus conselheiros que melhorassem o calendário juliano, que contava com 365 dias, e encontrassem uma solução para o período em falta. A resposta foi juntar os quarto de dias e criar um novo dia a cada quatro anos. Parecia que a situação estava resolvida, mas não ficou, porque juntar um dia a cada quatro anos dá uma duração média de 365,25 dias por ano – 0,25 a mais do que o suposto.
No século XVI, o calendário gregoriano procurou melhorar a aproximação ao tempo real ao elaborar a regra de eliminar o dia 29 de fevereiro nos anos divisíveis por 100. Dessa forma, cada século passou a ter 24 dias adicionais em vez de 25, mas os dias médios de um ano ficaram um pouco abaixo do desejável. Decidiu-se então adicionar um dia bissexto extra a cada 400 anos, o que fez com que a média anual passasse para 365,2425 dias e assim se alcançasse um maior nível de precisão.
O “problema” do eixo da Terra
O trabalho de elaborar o calendário atual foi complexo e demorou séculos, mas permitiu um maior alinhamento da contagem dos anos. Parecia mais fácil definir uma regra de que todos os anos deveriam ter 365 dias, mas isso é impossível devido à inclinação do eixo do nosso planeta.
A Terra tem uma inclinação que oscila entre 22º e 25º e que está ligada às estações do ano – quando o planeta está inclinado em direção ao Sol nas latitudes altas é verão e quando está na direção oposta é inverno, por exemplo, com a primavera e o outono a surgirem no meio desses períodos. Se não houvesse os ajustes dos anos bissextos, as estações do ano ficariam dessincronizadas no calendário e, por exemplo, ao fim de 750anos iríamos comemorar o Natal no verão.