Uma nova era de robôs de assistência está a ser desenvolvida pela Fourier Intelligence, empresa tecnológica sedeada em Xangai. GR-1 é o nome do robô homanoide que promete transformar os cuidados de saúde a idosos, num país que padece de escassez de mão de obra nestes serviços e do rápido envelhecimento da sua população, na linha do que é a principal tendência demográfica mundial, reconhecida pelas Nações Unidas.
Na China, segundo país mais populoso do mundo – em 2023, foi ultrapassada pela Índia –, prevê-se que o número de indivíduos com 60 anos ou mais aumente de 280 milhões para mais de 400 milhões até 2035. Em 2040, cerca de 30% da população chinesa estará nessa faixa etária.
Para responder ao enorme desafio da assistência a idosos, foi criado o GR-1. Este robô de 1,64 metros de altura e 55 quilos consegue caminhar (a uma velocidade máxima de cinco quilómetros por hora), evitar obstáculos, equilibrar-se e realizar tarefas físicas rotineiras, como levantar objetos. No futuro, poderá auxiliar, por exemplo, na transferência de pacientes de camas para cadeiras de rodas, que tenham mais ou menos o seu peso. A empresa chinesa já desenvolvia soluções robóticas na área da reabilitação.
Zen Koh, CEO e cofundador da Fourier Intelligence, prevê um futuro onde o GR-1 se tornará “um cuidador, assistente terapeûtico e – porque não – uma companhia para os idosos que vivem sozinhos”. Atualmente, pode ser programado para sentar, ficar de pé, pular e manusear vários utensílios e ferramentas. Mas os engenheiros da Fourier continuam a aprimorar as características do robô – nomeadamente, a integrar ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT, para permitir uma interação mais humana, ou a explorar outras aplicações (por exemplo, nos serviços domésticos). Ainda está em fase de desenvolvimento, mas a empresa já terá 100 protótipos até ao final do ano, que pretende enviar para laboratórios de I&D, de forma a acelerar o seu lançamento. Afinal, o maior desafio reside em ensinar estes robôs a funcionar autonomamente em ambientes caóticos e desconhecidos. Com esta estratégia, a Fourier espera conseguir um modelo funcional daqui a dois ou três anos. Esperemos que a aparência também seja trabalhada, porque a imagem do GR-1 ainda é pouco amigável.
Envelhecimento: um problema mundial
Segundo o relatório do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais da ONU, divulgado em 2022, a esperança média de vida continua a aumentar: em 2019 era de 72.8 anos e prevê-se que aumente para 77.2 em 2050. A fatia da população mundial com mais de 65 anos deverá crescer de 10%, em 2022, para 16%, em 2050. O envelhecimento é, assim, o grande desafio para as sociedades e economias, porque faz aumentar a pressão sobre as receitas fiscais e os gastos com saúde.
Em 2030, segundo as estimativas das Nações Unidas, Portugal será o terceiro país mais envelhecido do mundo, a seguir ao Japão e à Itália. De acordo com projeções do Instituto Nacional de Estatística, em 2040, poderemos vir a ter 239 mil pessoas com 90 e mais anos (hoje, são cerca cerca de 94 mil). A assistência a idosos será, por isso, prioritária.