“Às vezes não compreendemos a linguagem, por exemplo, não falo nada, nem inglês, francês e espanhol. Mas a linguagem do amor é legal, a linguagem do amor comunica com todo o mundo: é um sorriso, um olhar, é tentar, mesmo com gestos dizer: que alegria que está aqui, aproveite a Jornada”, sublinhou Luzia Mota, enquanto esperava a chegada de um sacerdote do Brasil.
A espera no Aeroporto Internacional de Lisboa durou algumas horas e vem-se repetindo desde segunda-feira, para encaminhar alguns peregrinos para uma casa de acolhimento proporcionada por amigos missionários da Aliança de Misericórdia (Brasil).
Ao lado tinha o marido, Marco Mota, que a ajudava a segurar a bandeira daquela associação privada e a ocupar o tempo até à chegada do padre Vinicius Soares, com quem foi trocando mensagens no Whatsapp, embora não o conhecesse pessoalmente.
O colarinho branco “denunciou” o sacerdote, que estará em Portugal nos próximos dias para participar pela terceira vez numa JMJ.
À agência Lusa explicou que foi na JMJ de 2011 que descobriu a sua vocação para seguir o sacerdócio, numa altura em que ainda nem era seminarista.
“Era um jovem rapaz de 17 anos, ainda com muitos sonhos e planos. Para mim é muito especial, pela primeira vez, estar como sacerdote na JMJ, porque foi numa JMJ que discerni e descobri a minha vocação”, acrescentou.
Esta é a primeira vez que vem a Portugal, um país ao qual “os brasileiros estão intimamente ligados” e onde mantém “devoção à Nossa Senhora de Fátima, aos Santos Pastorinhos e ao Santo António de Lisboa”, padroeiro da sua paróquia no Brasil.
“Também por ser a nossa pátria mãe! Nós brasileiros temos muito amor e carinho a Portugal, justamente pelos vínculos históricos que nos ligam”, evidenciou.
Para chegar a Portugal, fez uma viagem de dez horas, demorou outras três para sair do aeroporto, entre a fila da emigração e para recuperar a bagagem, mas acredita que “quando a provação é grande, é porque a bênção também será”.
Na JMJ de Lisboa, onde irá “atender confissões em três línguas (português, espanhol e italiano), espera encontrar “a linguagem do amor, a linguagem da fé e a linguagem do ideal de nosso senhor Jesus Cristo”.
“Aqui todo o mundo fala a mesma língua: a língua da palavra de Deus, a língua do Evangelho. É bonito ver isso, é bonito ver que Cristo vive nas diferentes raças, nações, mas o ideal e o amor a ele é um só”, justificou.
Entre a multidão, onde se misturavam culturas e idiomas, a agência Lusa encontrou também Faustina Barros e Alter Sousa, que vieram de São Tomé e Príncipe para participar na JMJ.
Se a primeira vem pela primeira vez, Alter Sousa é repetente: estudou em Portugal e é onde também tem as duas filhas a estudar.
“É um conjunto de coisas que me animam a vir, independentemente de ter filhas e família cá, ver o Papa é uma bênção, tendo em conta que sou católica praticante”, admitiu a enfermeira, que já tinha participado na JMJ que decorreu no Brasil em 2013.
Já de Moçambique vieram Rosa Chabuca e Ana Baço, duas peregrinas de Moçambique, que trazem na “mala” a vontade de conhecer pessoas novas e “continuar na fé” que as levará a Fátima.
A partilhar sorrisos estava também um grupo de jovens do Agrupamento 1133 do Corpo Nacional de Escutas (CNE), de Ponta Delgada, Açores, “comandados” por Elsa Martins.
“Como eles costumam dizer, vamos servir o próximo que é o nosso intuito nestas Jornadas. Mas, vamos também tentar diverti-los de alguma forma: temos jovens que saíram da ilha de S. Miguel pela primeira vez”, revelou.
As expectativas são altas e a jovem escuteira de 18 anos Maria Carvalho não tem dúvidas que serão cumpridas.
Até lá, tentarão entender-se nos vários idiomas que dominam e, quando não conseguirem “há a linguagem universal dos abracinhos para resolver”.
CMM // NS