O sindicato que representa mais de 150 mil atores de televisão e cinema anunciou na quinta feira que entraria em greve à meia noite, juntando-se assim aos argumentistas, que estão parados desde maio. Esta é a maior paralisação que Hollywood já viu em 63 anos.
Fran Drescher, presidente do sindicato dos atores dos EUA, garante que a greve vai impactar “milhares, se não milhões de pessoas”.
A greve, organizada pelo Screen Actors Guild – Federação Americana de Artistas de Televisão e Rádio (SAG-AFTRA) terá repercursões para além de Los Angeles.
Porque é que os atores e argumentistas estão em greve?
A remuneração costuma ser o foco central das greves, e esta não é exceção. No entanto, são levantadas outras preocupações. A ascensão do streaming, as dificuldades financeiras dos estúdios, atores e argumentistas e a vulnerabilidade dos atores que vêem a utilização não autorizada das suas imagens através de inteligência artificial, também estão lista de razões desta greve. Tanto atores como argumentistas exigem o aumento do que recebem de royalties dos serviços de streaming.
Enquanto, “antigamente”, se uma série de televisão fosse bem sucedida tanto atores como argumentistas poderiam esperar um fluxo de cheques com regularidade, o streaming veio alterar isso e tem vindo a revelar-se como prejudicial para ambos os grupos.
As séries tornaram-se mais curtas, os intervalos entre as temporadas mais longos e os sindicatos dizem que, embora os orçamentos das séries estejam a aumentar, esse aumento não se reflete na parte do dinheiro que chega aos artistas.
Os benefícios, incluindo planos de saúde e pensões, também foram objeto de negociações.
O SAG-AFTRA afirma que, após quatro semanas de conversações intensivas, as organizações do cinema e da televisão recusaram-se a ceder.
Qual é a resposta dos estúdios de Hollywood?
A Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP) – a associação que representa os principais estúdios de Hollywood, incluindo a Walt Disney e a Netflix – contesta a versão dos factos apresentada pelo SAG-AFTRA.
“Estamos profundamente desiludidos com o facto de o SAG-AFTRA ter decidido abandonar as negociações”, lê-se no comunicado que emitiram.
“Esta é a escolha do sindicato, não a nossa. Ao fazê-lo, rejeitou a nossa oferta de aumentos salariais e residuais históricos, limites substancialmente mais elevados para as contribuições para pensões e saúde, proteções para audições, períodos de opção de série mais curtos, uma proposta inovadora de IA que protege as imagens digitais dos atores e muito mais.”
Os estúdios de Hollywood acrescentam que as mudanças no setor também lhes deixaram sequelas. O regresso às salas de cinema não tem sido como esperavam e, à medida que muitos espectadores trocam a televisão pelo streaming, viram a sua margem de lucros a diminuir e simultaneamente, o preço das ações a cair.
Durante quanto tempo é que esta greve se pode arrastar?
Não foi fixada uma data para o seu término e, quando questionada acerca da greve, a presidente do sindicato, Drescher, disse aos jornalistas que a decisão dependia dos estúdios cinematográficos.
A última vez que os argumentistas e os atores entraram em greve simultaneamente foi em 1960, quando Ronald Reagan era presidente do Screen Actors Guild.
Quanto aos argumentistas, já fizeram várias greves, por vezes durante longos períodos: a greve de 2007 durou 100 dias. A última vez que os atores fizeram uma grande greve foi em 1980 e durou mais de três meses.
E no que diz respeito à promoção de programas e filmes que vão estrear em breve?
Os responsáveis afirmaram que não haverá promoção dos projetos atuais, nem online nem presencialmente. Isto significa que a promoção de filmes muito aguardados como “Barbie” e “Oppenheimer” estão estritamente proibidas.
A paralisação dos membros do WGA (Writers Guild of America) já mostrou a sua disrupção em produções como como a quinta temporada de “Stranger Things”, a segunda temporada de “The Last Of Us”, a sexta temporada de “The Handmaid’s Tale” e a adaptação de Game Of Thrones, “A Knight Of The Seven Kingdoms: The Hedge Knight”.