O encontro entre Roger Schmidt e o Benfica parecia estar escrito nas estrelas. A chegada do treinador que devolveu o título de Campeão Nacional só aconteceu em final de maio do ano passado, mas a união entre ambos começou a ser desenhada, bem antes disso. Talvez lá para o final de 2021, mais propriamente a 28 de dezembro desse ano, quando Jorge Jesus foi despedido e Rui Costa escolheu o então treinador da equipa B, Nélson Veríssimo, para orientar a equipa principal até ao final da época. Mesmo havendo uma ténue esperança de que o técnico interino conseguisse dar a volta a mais uma época de insucesso (era a terceira, após as anteriores sob os comandos de Bruno Lage e Jesus) e que isso lhe garantiria a manutenção no cargo na época de 2022/2023, na mente do máximo dirigente do Benfica estava já a necessidade de encontrar outra solução. A ideia era clara: um treinador de craveira, adepto de um futebol de ataque, atrativo, capaz de entusiasmar a massa associativa e arrecadar títulos, tendo sempre em vista o aproveitamento dos futebolistas formados no Seixal. Estava em curso a prospeção.
Ao mesmo tempo, a milhares de quilómetros de distância, nas paragens frias de Eindhoven, nos Países Baixos, o treinador Roger Schmidt decidia que, a sua segunda época ao serviço do PSV, apesar de ainda estar na lutar pelo título (viria a perdê-lo, no final da temporada, para o Ajax), seria a última. As suas ideias eram claras: o destino seguinte deveria ser o Sul da Europa, de preferência perto do mar, o tipo de paisagem e clima a que ele, a mulher Heike e os filhos, Jordie e Joline, se afeiçoaram desde que a família adquiriu a casa de férias em Palma de Maiorca; o projeto desportivo teria de ser aliciante, um clube com ambição que lhe permitisse conquistar títulos com frequência e ter sucesso nas competições europeias. Confidenciou os seus propósitos a Daniel Lorenz, um advogado português, antigo diretor jurídico da SAD do FC Porto, que o alemão conhecera, já na condição de agente, então responsável pela transferência do brasileiro Hulk para o futebol chinês, na temporada de 2016/2017. Schmidt iniciava, por essa altura, a sua passagem pelo comando técnico do Beijing Gouan e os dois acabaram por se tornar amigos e trabalhar juntos. Mais do que isso, Lorenz viria a revelar-se determinante para a chegada do alemão ao Benfica.