Alexnadra Reis considerou, esta terça feira, no Parlamento, que os cortes salariais levados a cabo nos últimos anos na TAP foram importantes para o resultado de 2022 apresentando pela empresa: lucro de 65 milhões de euros. Afirmando não ter informação para precisar um número, a ex-administradora referiu que tais corteis contribuíram em “várias dezenas de milhões de euros” para os lucros da companhia aérea.
“A TAP encerrou o ano de 2022 com um lucro líquido de 65,6 milhões de euros, um aumento de 1.664,7 milhões de euros em relação ao ano anterior”, informou a transportadora aérea, em comunicado, a 21 de março deste ano. O plano de reestruturação da TAP, aprovado pela Comissão Europeia no final de 2021, previa que a companhia aérea começasse a dar lucro em 2025 e que obtivesse um resultado operacional positivo em 2023, algo que a empresa atingiu no primeiro semestre de 2022.
A companhia aérea regressou assim aos lucros, que tinha registado pela última vez em 2017, altura em que o grupo obteve um resultado positivo que rondou os 21 milhões de euros.
Ouvida na Comissão Parlamentar de Inquérito, Alexandra Reis revelou que Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP, contratou um conjunto de pessoas que lhe eram próximas para a empresa, sendo que estas contratações ficaram mais caras para a empresa. Foi Alexandra Reis, ex-adminstradora da companhia, quem revelou, esta quarta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito, que os custos com estas contratações foram mais elevados, uma vez que as mesmas eram estrangeiras e isso envolvia mais despesas com habitação e deslocação. “Algumas delas não escondiam a relação próxima com a CEO”, declarou Alexandra Reis, acrescentando que tais quadros foram contratados para “posições chave” da companhia.
Na audição que decorreu esta tarde na comissão de inquérito à TAP, Alexandra Reis foi questionada pela deputada do BE Mariana Mortágua sobre se não considerava desajustado o valor da indemnização que pediu inicialmente para sair da empresa, que foi de 1,4 milhões de euros.
“Era um valor elevado, sem sombra de dúvida, é um valor significativo, mas também o eram e são as responsabilidades de um administrador, que são muito elevadas, no caso de uma companhia aérea”, começou por responder, referindo que no caso de queda de um avião a responsabilidade “pode ser imputada pessoalmente a cada um dos administradores da empresa”.
Entendendo que “era de facto um valor muito expressivo”, a antiga administradora referiu que “era um valor para discussão” e que aceitou uma “contraproposta com valor muito mais baixo” ou seja 500 mil euros, assumindo que ainda assim também “é um valor expressivo comparado com média nacional”, mas que as “responsabilidades que estavam inerentes ao cargo eram também elevadas”.
“Não estou a fazer juízo de valor sobre legalidade dos 500 mil euros, o que digo é que quando foram propostos e aceitei. Nem por um instante pensei que alguma vez pudesse haver alguma duvida sobre aquele valor”, enfatizou.
Anteriormente, no período de inquirição do deputado do PCP Bruno Dias, Alexandra Reis explicou que a primeira proposta de indemnização que pediu depois de lhe terem pedido para sair da empresa “tinha um racional”, ou seja, “as mesmas condições que foram propostas a todos os colaboradores em duas vertentes no contrato de trabalho e a mesma fórmula de cálculo para o mandato”.