Nas imagens que retratam o Tiranossauro Rex, ou T-Rex, como é conhecido, vemos frequentemente os seus dentes e uma boca bem aberta, como se o animal estivesse constantemente a rugir – um estudo recente sugeriu, contudo, que, afinal, não rugia, emitindo, pelo contrário, um som semelhante ao de uma buzina de nevoeiro, como escrevemos na VISÃO, em fevereiro.
Agora, um grupo de investigadores do Reino Unido e EUA concluiu que as famosas representações dos dinossauros podem estar desatualizadas, acreditando que os grandes e assustadores dentes do T-Rex, extinto há 66 milhões de anos, podiam esconder-se atrás de uns de lábios finos e escamosos.
Estes resultados contrariam o que se pensava até então acerca da não existência de lábios nos terópodes – que correspondem a uma subordem de dinossauros bípedes, geralmente carnívoros ou omnívoros – devido ao tamanho enorme dos seus dentes e porque os parentes vivos mais próximos não têm lábios, tal como os crocodilos e jacarés. Por outro lado, a equipa dá conta de que os lagartos possuem lábios, sugerindo que o T-Rex e outros também podiam tê-los.
“Basicamente, ainda estamos a viver na sombra do Jurassic Park de há 30 anos”, afirma, citado pelo The Guardian, Mark Witton, um dos autores do estudo, da Universidade de Portsmouth, em Portsmouth, Inglaterra. O investigador acrescenta que é necessário afastarmo-nos da associação que fazemos entre “grandes dentes e inexistência de lábios e animais como o Tiranossauro e outros com rostos mais parecidos com os de lagartos”.
A equipa analisou, também, um dente pertencente a um Tiranossauro do género Daspletosaurus, concluindo não haver evidência de desgaste substancial, o que vem apoiar as conclusões de estudos de dentes de terópodes realizados anteriormente.
Pelo contrário, observaram os investigadores, os grandes dentes de jacarés-norte-americanos sofrem frequentemente danos: a dentina, que forma o corpo do dente, fica desgastada, resultado de estes animais não terem lábios. Quando o esmalte do dente fica exposto, fica seco e menos resistente, diz a equipa.
Witton explica, também, que os dentes dos Tiranossauros duravam mais de 12 meses antes de serem substituídos, ou seja, muito mais tempo do que os dos crocodilos, o que sustenta ainda mais a ideia de que os T-Rex possuíam lábios. “Nenhum animal pode reparar ou substituir o esmalte desgastado, mas o esmalte fino dos Tiranossauros permaneceu intacto, embora alguns tenham mantido os seus dentes durante mais de um ano”, garante.
A equipa do estudo, publicado na revista Science, também encontrou pequenos orifícios nas mandíbulas dos terópodes, por onde passariam os nervos e vasos sanguíneos até aos lábios e gengivas, dispostos de maneira semelhante aos dos lagartos existentes atualmente. Além disso, tanto os terópodes como os lagartos têm dentes verticais, ao contrário dos crocodilos, cujos dentes se inclinam para fora.
Ao The Guardian, Steve Brusatte, da Universidade de Edimburgo, que comentou este novo estudo, afirma que, caso os T-Rex tenham possuído, de facto, lábios, o que acredita ser verdade, os tecidos moles que cobriram os seus dentes não tinham a mesma forma que os nossos lábios. Serão necessários
