No filme “Jurassic Park” podemos ver as pessoas a fugirem num jipe de um Tiranossauro Rex, apesar de, já então, os cientistas terem considerado provado que o T-Rex não correria a tal velocidade. Agora, um novo estudo veio afirmar que, não só não corriam tão depressa, como tinham um andar bastante mais vagaroso do que se pensava.
A investigação, publicada esta semana no Royal Society Open Science, fez uma simulação da velocidade a que andaria o predador, com uma diferença em relação aos estudos realizados até agora: teve em conta o movimento da cauda, que compõe mais de metade do seu comprimento. Assim, os cientistas conseguiram determinar que a velocidade a que o Tiranossauro Rex tendia a andar, correspondia a cerca de 5 km/h, cerca de metade do que anteriores estudos teriam determinado. Essa velocidade corresponde à média de caminhada do ser humano, segundo a British Heart Foundation, e de outros animais como cavalos, elefantes ou girafas.
Segundo os paleontólogos holandeses, os T-Rex preferiam mesmo este ritmo de andamento a correr. “Os animais tendem a preferir a velocidade de caminhada, na qual, para uma determinada distância, o gasto de energia seja mínimo”, explica Pasha van Bijlert, autor principal do estudo, à CNN.
O investigador formado em paleontologia com especialização em biomecânica pela Universidade de Vrije, em Amesterdão, explicou, ainda, qual a importância do estudo da cauda para se determinar o andar: “Eles [os T-Rex] escolhem ritmos de passadas específicos a que as suas partes do corpo respondem. Sendo que toda a cauda do T-Rex é suspensa por ligamentos, que se comportam como elásticos, reconstruímos a cauda para investigar a que ritmo esta corresponderia. A cauda inteira, pela nossa reconstrução de quase 1000 kg, era na realidade apenas uma massa sustentada por um elástico e, a cada passo, balançava ligeiramente para cima e para baixo. Com o ritmo certo é possível conseguir bastante movimento com muito pouco esforço”.
“A que velocidade andariam normalmente os Tiranossauros gigantes não tem sido uma questão em muitos estudos, mas é uma bastante interessante. Este estudo utiliza uma nova abordagem de uma forma inteligente e com um modelo original. Humanos, avestruzes, cavalos, elefantes, girafas, gnus, gazelas, todos têm uma distribuição de velocidade que preferem extremamente próxima”, diz John Hutchinson, à CNN. O que surpreende o professor de biomecânica evolutiva da Royal Veterinary College, em Londres, é que quer tenham duas ou quatro pernas, porte pequeno ou grande, vivos ou extintos, todos estes animais escolham andar à mesma velocidade.
Este modelo original trata-se de uma reconstrução computacional. Para a fazer, os cientistas utilizaram o Trix, o Tiranossauro Rex adulto com 12 metros de altura (equivalente a um prédio de quatro andares), que se encontra exposto no Museu de História Natural de Leiden, na Holanda. Ao multiplicar o ritmo do passo pelo comprimento deste, os investigadores chegaram à conclusão de que este dinossauro andaria à velocidade de 5 km/h. Os anteriores estudos, para além de excluírem o aspeto único da cauda para os seus cálculos, não tiveram em conta que este tipo de cauda não existe em nenhum animal atual. Apenas basearam as suas conclusões no estudo das pernas e quadris do dinossauro, levando a resultados imprecisos, alega Bijlert.
Para a ciência, entender como andavam estes predadores pode ser mais um passo para compreender outros aspetos do seu passado, tais como os seus comportamentos ou como era o ecossistema em que viviam. “Pode dar-nos uma ideia de que distâncias podiam percorrer para se alimentar”, exemplifica o investigador.
Já tendo determinado qual o ritmo em que habitualmente andava, o objetivo, no futuro, é conseguir determinar qual a velocidade máxima atingida pelo Tiranossauro Rex. Outros estudos, publicados em revistas como a PeerJ e a Nature, sugerem que esta pode ir dos 20 aos 29 km/h, uma vez que, se corressem mais rapidamente os ossos do predador poderiam estilhaçar-se.