Em comunicado enviado à agência Lusa, a Universidade de Évora (UÉ) revelou que a iniciativa decorre entre este mês e o de junho e que todos os interessados podem participar.
“Todos podemos ajudar a contar corujas-das-torres”, incentivou a academia alentejana, realçando que a população deste tipo de ave “está a diminuir em Portugal, à semelhança de outras aves típicas de zonas agrícolas”.
O primeiro censo nacional centrado especificamente nesta ave, lançado pelo Laboratório de Ornitologia da UÉ (LabOr-MED) e pela SPEA, vai servir para “conhecer melhor a distribuição e abundância desta espécie” em Portugal, explicou.
Os organizadores indicaram que os interessados podem participar de duas formas, sendo que uma delas é “reportando ‘online’ os locais onde vejam ou oiçam corujas-das-torres”.
A outra é através da participação no evento “Fins de Semana das Corujas”, que vai decorrer em março, nos dias 03, 04 e 05 e a 10, 11 e 12, indicou a organização, frisando que, nessa altura, “Portugal inteiro irá para a rua, à noite, para ouvir o som inconfundível desta ave”.
“Os dados recolhidos neste censo ajudarão os especialistas a aferir melhor o estado da espécie no nosso país”, referiu a UÉ.
De acordo com a academia, na última década, “a coruja-das-torres desapareceu de cerca de metade da área que ocupava em Portugal continental”.
“Nas ilhas, já não há corujas-das-torres na metade oeste da ilha da Madeira, nem nas ilhas Desertas”, acrescentou.
O programa NOCTUA – Portugal da SPEA, que envolve voluntários na monitorização das aves noturnas, desde 2009, também revela uma tendência decrescente desta espécie no mesmo período.
Citada no comunicado, Inês Roque, investigadora no LabOr-MED e membro da coordenação do Grupo de Trabalho sobre Aves Noturnas da SPEA, notou que “esta tendência negativa da coruja-das-torres é visível à escala ibérica”.
“E poderá estar relacionada com o desaparecimento dos locais de nidificação e com alterações nas nossas áreas agrícolas, como a conversão de culturas tradicionais em culturas intensivas”, realçou.
A coruja-das-torres é uma das sete aves de rapina noturnas que existem em Portugal, podendo ser encontrada em áreas agrícolas, florestas pouco densas e zonas urbanas.
“Adaptada a viver junto às pessoas, a coruja-das-torres nidifica muitas vezes em edifícios e o mesmo local pode ser ocupado durante décadas. Por isso, basta ficar atento na zona onde vive para poder participar, pois esta espécie tem uma vocalização muito fácil de identificar”, referiu a UÉ.
Para mais informações sobre o censo, os interessados podem visitar a página de Internet https://corujadastorres.uevora.pt/, onde está também disponível e pode ser descarregado um kit educativo especialmente criado para incentivar a participação de escolas e grupos organizados.
O censo nacional de coruja-das-torres decorre no âmbito dos projetos “Ciência para todos: sustentabilidade e inclusão (SCIEVER)”, financiado pela Comissão Europeia, e “Ciência Cidadã — envolver voluntários na monitorização das populações de aves”, financiado pelo Programa Cidadãos Ativos/Active Citizens Fund (EEAGrants).
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