Sem levar em conta o gasto da terraplanagem da antiga lixeira de Beirolas, junto ao Trancão, o palco-altar que irá ali ser instalado para acolher o papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vai ter um custo muito superior ao que estava previsto nos planos iniciais da Câmara Municipal de Lisboa e será de longe a estrutura mais cara do evento, que se realiza no próximo verão.
Para a construção do enorme palanque, que poderá receber mais de 2000 pessoas, a autarquia liderada por Carlos Moedas irá pagar em ajustes diretos 4,2 milhões de euros (valor ainda sem o IVA), a que se juntam mais 1,06 milhões de euros destinados às fundações. Ou seja, contas feitas: mais de 6 milhões de euros. Há menos de um ano, a capital acreditava que a despesa total não ultrapassaria os 3,5 milhões de euros; sendo que a última estrutura para acolher a vinda do papa Bento XVI, em 2010, custou cerca de 300 mil euros.
Ainda cedo para perspectivar em quanto vai ficar a organização do evento – cuja monta será dividida (por ordem de importância) pela Câmara de Lisboa, Governo e Câmara de Loures -, o coordenador da equipa de missão da JMJ, José Sá Fernandes, falava de 50 milhões de euros, em novembro de 2022, quando esteve no Parlamento. Desse montante, 33 milhões caberiam a Lisboa. Porém, o vice-presidente da autarquia e vereador das Finanças, Filipe Anacoreta Correia (que ficou com a tutela direta da JMJ após ter estado nas mãos da ex-autarca Laurinda Alves), já falou em 35 milhões, esta quarta-feira.
Às vezes podemos fazer comparações com celebrações com anteriores papas que estiveram em Portugal, mas isto é outra realidade, só tem em comum o nome. Tudo o resto é diferente
Filipe Anacoreta correia, vice-presidente da Câmara de Lisboa
O valor do palco-altar, que vai ser edificado pela Mota-Engil, terá resultado já de várias consultas ao mercado e após negociações com uma quantas empresas de construção civil. Numa conferência de imprensa esta quarta-feira, no local onde vai decorrer a JMJ, Anacoreta Correia falou num processo que envolveu “sete empresas”, que apresentaram “propostas entre os 4,4 milhões de euros e 8,4 milhões”.
Em causa está uma estrutura, que ficará com a frente virada para a antiga lixeira de Beirolas e para o parque que Loures está a construir no seu território, e com a parte traseira no sentido da Ponte Vasco da Gama, como estabelece o contrato assinado pela SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana com a Mota-Engil. Ali ficarão os “padres, o coro, a linguagem gestual, a orquestra, o staff, a equipa técnica – tudo o que envolve um evento desta dimensão”.
Com o palco e as restantes infraestruturas a ter de estarem concluídas na primeira semana de agosto, quando abre a JMJ abre as portas, Anacoreta Correia frisou que a autarquia está a levar a cabo as obras que se guiam por “um pedido do promotor do evento [a Igreja] e “a conduzir o processo para terminar em maio ou junho”.
Após a Jornada, a maior estrutura irá ver parte da cobertura retirada ou redimensionada. “Já não terá os nove metros de altura. Passaremos a ter aquele palco, já não com aqueles prolongamentos, mas um palco em condições de acolher outros eventos”. Quanto à futura utilização: #a Câmara Municipal já teve manifestações de produtores de eventos a dizer ‘nós gostávamos de fazer aí o nosso evento”. A Rádio Renascença dava conta, esta quarta-feira, que a organização do Rock In Rio Lisboa já terá mostrado disponibilidade para se mudar da Bela Vista para ali.