Ao longo dos anos, várias têm sido as hipóteses e teorias relativamente à formação da Lua, mas há uma mais consensual entre os cientistas, que surgiu na década de 70 e defende que o nosso satélite natural foi criado quando a Terra, que ainda estava no início da sua formação, há mais de 4 mil milhões de anos, foi atingida por um outro planeta jovem localizado relativamente perto, denominado Theia, que teria o tamanho de Marte.
Alguns cientistas acreditam que a colisão poderá ter levado a uma espécie de fusão dos dois planetas em magma, bolhas de gás e elementos químicos antes de serem criados os corpos celestes hoje conhecidos. O impacto teria criado, também, segundo esta tese, uma enorme nuvem de detritos que depois condensaram, formando a Lua, o que poderia justificar as grandes semelhanças na composição do nosso planeta e do seu satélite natural. Em 2020, uma investigação científica reforçou essa hipótese, ao observar e analisar a quantidade e tipos de cloro encontrados nas rochas da Lua e da Terra.
Esta ideia, denominada teoria do Grande Impacto ou Big Splash, tem sido alvo de grande debate e estudo devido às possíveis causas do impacto e às hipóteses dos acontecimentos que sucederam a esse “acidente”, tendo em conta as semelhanças nas composições da Terra e Lua.
Investigadores da Universidade de Durham, Inglaterra, concluíram agora, num estudo publicado no Astrophysical Journal, que o grande impacto entre os dois planetas terá formado, quase imediatamente, a Lua, que passou a estar em órbita à volta da Terra.
A equipa realizou simulações muito detalhadas em supercomputadores – estudos anteriores não conseguiram esse feito – utilizando o programa projetado precisamente para simulações neste tipo de máquinas e utilizado para testar teorias sobre aquilo de que o Universo é feito e como evoluiu desde o Big Bang, o SWIFT. As experiências dos investigadores incluíram simulações de vários tipos de possíveis impactos, com diferentes valores de velocidade de colisão e ângulos, massas e rotações dos dois planetas que terão colidido.
Nestas simulações com alto nível de resolução, em que se conseguiu reproduzir de forma muito detalhada o satélite semelhante à Lua, foi possível verificar como as camadas externas do nosso satélite natural eram mais ricas em material proveniente da Terra. Como os investigadores explicam, pensando que grande parte do que é a Lua se terá formado imediatamente após a colisão, houve menos quantidade de material fundido durante essa formação, ao contrário do que se pensava anteriormente.
Além disso, a equipa esclarece que este estudo também concluiu que um satélite que passe demasiado próximo da Terra pode ser afastado para uma órbita mais segura, e não ser “engolido” ou destruído pelo nosso planeta.
“Entrámos neste projeto sem saber exatamente quais seriam os resultados destas simulações de alta resolução”, explica Jacob Kegerreis, que liderou o estudo, citado pelo Daily Mail, acrescentando que estes resultados “abrem toda uma nova gama de possíveis pontos de partida para a evolução da Lua”. Vincent Eke, outro autor do estudo, também falou sobre as novas portas que se abrem agora, referindo que as novas conclusões podem “ajudar a explicar a semelhança na composição isotópica entre as rochas lunares devolvidas pelos astronautas do programa Apollo e o manto da Terra”.
Os autores acreditam que as próximas missões lunares poderão ajudar a explicar “que tipo de grande impacto originou a Lua, que por sua vez contará a história da própria Terra”.