“Está calor, não está?”, “Como foi o teu fim de semana”. Não parece, à primeira vista, que daqui se tirassem grandes conclusões acerca da personalidade do nosso interlocutor, mas um grupo de cientistas da Universidade de Warwick, Inglaterra, chegou à conclusão contrária. Bastam poucos minutos de conversa casual para revelarmos os nossos principais traços de personalidade, influenciando as interações futuras, concluiu a equipa de investigadores, que recrutou 338 indivíduos, que começaram por ser submetidos a testes de personalidade e de Q.I. Antes de se conhecerem pessoalmente, os participantes foram divididos em dois grupos e, dentro de cada grupo, os investigadores formaram pares, com a tarefa de concluírem dois jogos colaborativos de estratégia. Enquanto aos elementos de um dos grupos, foi pedido que conversassem por mensagem de texto durante quatro minutos, outros não tiveram qualquer contacto com o seu parceiro, devendo apenas levar a cabo tarefas que lhes foram atribuídas, sem comunicarem um com o outro.
No final, os participantes deviam tentar adivinhar as respostas do outro nos testes de personalidade e Q.I. Os investigadores concluíram que os que tinham tido oportunidade de conversar se saíram melhor.
“Em poucos minutos, começamos a formar um modelo mental da pessoa com quem estamos a conversar: se é introvertida ou extrovertida, otimista ou pessimista, cooperativa ou não cooperativa. Estes tipos de impressões não são perfeitos, mas são úteis”, explicam os autores do estudo.
No geral, os participantes que utilizaram um maior número de palavras, palavras que evocam mais excitação/ domínio e palavras que são mais humorísticas, eram extrovertidos e com maior probabilidade de prever corretamente a personalidade do seu par, apesar de terem uma maior tendência a projetar os seus próprios traços de personalidade no parceiro. Por outro lado, os indivíduos que usaram menos palavras, e um discurso mais abstrato em vez de palavras concretas, apresentavam níveis mais elevados de neurocitismo.