“As quebras na produção de maçã no concelho de Carrazeda de Anciães são significativas. As geadas na floração e granizo [em maio] deixaram estragos. Agora, seguiu-se a seca, que está a ser muito problemática por não conseguimos fazer a rega das plantas e vai haver dificuldades na maturação do fruto”, disse à Lusa o produtor José Reixedo.
O produtor adiantou que a apanha de maçã está atrasada e que, por esta altura do ano, já deveria ter começado em força, estimando que ponto alto desta tarefa seja a partir de 15 de setembro e até ao final desse mês.
“Em outros anos, por esta altura, já andávamos a apanhar muita maçã. Este ano não é caso. Anda pouca gente na apanha porque o fruto não consegue atingir o calibre desejado”, vincou o produtor.
O concelho de Carrazeda de Ansiães é um dos maiores produtores de maçã da região agrária de Trás-os-Montes, onde são produzidas as variedades dos grupos Golden: Red Delicious, Gala, Reineta Parda, Jonagold, Granny Smith, Fuji e Bravo.
Também o produtor de maçã José Bernardo indicou que a seca fez com que os calibres da maçã sejam mais pequenos em relação a anos anteriores.
José Bernardo disse ainda que este ano “não vai haver rentabilidade” face aos encargos com os fatores de produção, alertando que os próximos anos “também vão ser difíceis para a produção devido à falta de água”.
“A falta de água também vai complicar a produção no ano seguinte, porque são plantas que têm de ser regadas com regularidade. Se apontam previsão de chuva só para outubro, acho que os ribeiros e riachos não vão ser suficientes para abastecer as charcas existentes nos pomares de Carrazeda”, concretizou.
Segundo dados avançados pela autarquia de Carrazeda de Ansiães, dos 6.916 hectares de área agrícola existentes no concelho, 800 hectares estão a produzir maçã.
Carrazeda de Ansiães produz, em ano normal, entre 28 a 30 mil toneladas de maçã, o que o torna no maior produtor de maçã da região de Trás-os-Montes.
Contudo, os produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães garantem que não haverá falta deste fruto de qualidade na Feira da Maçã, Azeite e Vinho, que começa na sexta-feira e prolongando-se até domingo, após dois anos de interregno devidos às restrições da pandemia de covid-19.
“A maça que vai ficar na feira de Carrazeda será de grande qualidade”, frisou o produtor José Bernardo.
Ao longo de três dias, este município do sul do distrito de Bragança realiza esta feira, que vai já na sua 25ª edição, em torno das principais atividades agrícolas mais representativas do concelho.
No certame, que acolherá cerca de uma centena de expositores, haverá lugar para outros produtos endógenos, com os frutos secos, mel, queijos e fumeiro, entre outros.
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