
O avançado senegalês Sadio Mané, 30 anos, está entre os melhores futebolistas do mundo da atualidade. O seu contrato com o Liverpool termina no final da próxima época e há fortes possibilidades de deixar o clube inglês no mercado de transferências deste verão. Quem vai decidir, garante o próprio, são os seus compatriotas.
“Não há entre 60 a 70 por cento dos senegaleses que querem que eu deixe o Liverpool? Vou fazer o que eles quiserem”, respondeu aos jornalistas, na projeção do jogo deste sábado, 4, entre o Senegal e o Benin, de apuramento para o Campeonato Africano das Nações (CAN). “Em breve vamos tratar de tudo. Não tenham pressa porque vamos fazer isto juntos”, prometeu, acrescentando que tem seguido os comentários dos seus fãs nas redes sociais.
Não é todos os dias – talvez seja inédito até – que um futebolista deixa para o “seu” povo a decisão sobre o futuro da sua carreira profissional, mas Sadio Mané está longe de ser o típico jogador de futebol. O craque senegalês é conhecido, fora dos relvados, por ser um filantropo em benefício de Bambali, a sua terra natal, onde começou a brincar com a bola, de pés descalços. Em 2019, financiou a construção de uma escola e, no ano seguinte, patrocinou a construção de um hospital, com doações de €280 mil e €560 mil, respetivamente.
“Porque haveria de querer dez Ferraris, 20 relógios com diamantes ou dois aviões? O que poderiam fazer por mim ou pelo mundo esses objetos?”, afirmou, em 2019, a um meio de comunicação social do Gana, recordando a fome que passou na infância e o trabalho nos campos agrícolas. “Sobrevivi a tempos difíceis, joguei futebol descalço, não tive educação e muitas outras coisas, mas hoje, com o que ganho graças ao futebol, posso ajudar o meu povo”, explicou. “Construí escolas, um estádio, providencio roupas, sapatos e comida a pessoas que vivem em pobreza extrema. Também dou €70 por mês a todas as pessoas de uma região muito pobre no Senegal. Não preciso de exibir carros e casas de luxo, prefiro que o meu povo receba um pouco do que a vida me deu.”
Hoje, já vencedor da Liga inglesa, da Liga dos Campeões e do Mundial de clubes ao serviço do Liverpool, Mané pondera a saída para outro gigante europeu. O Bayern Munique está muito interessado na sua contratação e, segundo o jornal Bild, oferece-lhe 20 milhões de euros por ano para se mudar para a Alemanha. De acordo com a mesma fonte, o Paris Saint-Germain é outro pretendente e estará disposto a avançar com uma proposta ainda superior.
Sadio Mané chegou à Europa com 19 anos, através dos franceses do Metz, e representou depois os austríacos do Red Bull Salzburgo e os ingleses do Southampton até assinar pelo Liverpool, em 2016. Seis anos depois, o próximo passo está nas mãos dos seus compatriotas senegaleses.