Na primeira vez que Annette Brinckerhoff entrou nos antigos viveiros camarários de Marvila, ficou com pele de galinha. Já tinha gostado da fachada pintada de azul índigo do número 8 da Rua do Açúcar encimado pelas letras CML, ao lado da concorrida esplanada do Café Com Calma, mas o pequeno túnel alcatroado não a preparara para o que encontrou mais acima.
Era um dia luminoso de outubro e o campo a descer para o rio que brilhava por cima dos telhados da antiga Quinta do Beirão, a uns passos da Praça David Leandro da Silva, coração do Poço do Bispo, pareceu-lhe mágico. “Um terreno aberto que não se vê da rua, com sol todo o dia e muita água, é uma coisa louca”, lembra-se de ter pensado na altura.