O choro desassossegado do pequeno Herman ecoa pela espaçosa casa na aldeia de Regalheiras de Lavos, Figueira da Foz. Svitlana, a avó, aproxima a boca do telemóvel, pedindo, com gestos, para se ligar a aplicação que traduz do russo para o português aquilo que se grava: “Ele sente muita falta do pai.”
Afasta-se, seca as lágrimas e ganha ar para prosseguir: “Tenho lá tudo… até a sepultura dos meus pais.” Aos 68 anos, ninguém está preparado para isto.

Família de Svitlana
Gatne
Svitlana (à esquerda) conseguiu convencer a nora Natalia a fugir com os três netos. Depois de várias peripécias, o marido meteu-os num autocarro e ficou para combater. Avó e netos estão agora juntos em Vila Nova de Famalicão e aguardam, para breve, a chegada de mais dois familiares (outra nora e outro neto). A casa é modesta, mas há lugar para todos, desde que estejam em segurança