Na reta final de 2001, Cláudio e Madalena regressavam a Portugal, vindos da Suíça, com uma filha pequena pela mão, carregados de malas que denunciavam a intenção de se demorarem. A chegada do casal perturbou a pacatez outonal da praia de Mira (Coimbra), despertando a curiosidade dos pouco mais de três mil habitantes acostumados a ver a rotina quebrar somente nos meses quentes de verão.
Madalena Domingues, de 36 anos, voltava para junto dos que a tinham visto nascer e crescer, agora na companhia do marido, Cláudio José de Oliveira, 30 anos, cidadão brasileiro, com quem vivia há mais de cinco anos, em Lausana. O “doutor Cláudio”, como a terra se habituara a chamá-lo, mudava-se para Portugal determinado a confirmar a reputação de proeminente homem de negócios. Para tal, arrendou um escritório, mesmo no centro da vila, para o qual contratou secretária a tempo inteiro.