Não há como escapar à crueza dos números divulgados por um novo estudo, ainda mais impressionantes quando lidos no Dia Mundial Sem Tabaco que se celebra hoje:
- em 2019, havia 1,1 mil milhões de pessoas a fumar no mundo;
- 89% dos novos fumadores eram viciados aos 25 anos;
- 7,7 milhões de pessoas morreram por causa do tabagismo, só nesse ano.
Segundo este estudo publicado na revista Lancet, os esforços para conter o tabagismo foram superados pelo crescimento da população, com o número de fumadores a aumentar à medida que o hábito foi adquirido por jovens em todo o mundo.
“Como os jovens são particularmente suscetíveis ao vício, a epidemia do tabaco continuará nos próximos anos, a menos que os países possam reduzir drasticamente o número de novos fumadores”, nota a autora principal do estudo, Marissa Reitsma, investigadora do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde, em Seattle, nos Estados Unidos, citada no comunicado da Lancet. “Garantir que os jovens permaneçam livres do fumo até aos 20 anos resultará em reduções radicais nas taxas de tabagismo para a próxima geração.”
Ainda de acordo com o mesmo estudo, que analisou as tendências em 204 países, o tabagismo diminuiu globalmente nas últimas três décadas, mas aumentou nos homens em vinte países e nas mulheres em doze. Dois terços da população fumadora concentram-se em apenas dez países (China, Índia, Indonésia, Estados Unidos, Rússia, Bangladesh, Japão, Turquia, Vietname e Filipinas), sendo que um em cada três fumadores (341 milhões) vive na China.
Em 2019, o tabagismo esteve associado a 1,7 milhões de mortes por isquemia cardíaca, a 1,6 milhões de mortes por doença pulmonar obstrutiva crónica, a 1,3 milhões de mortes por cancro da traqueia, brônquios e pulmão, e quase 1 milhão de mortes por acidente vascular cerebral. No total, o estudo aponta para 7,7 milhões de mortes.
Estudos anteriores demonstraram que pelo menos metade dos fumadores de longo prazo morre de causas diretamente relacionadas com o tabagismo e que os fumadores têm uma expectativa de vida média 10 anos inferior à dos que nunca fumaram.
Na opinião de um dos co-autores do estudo, Vin Gupta, é necessário haver um compromisso mais forte para combater o tabagismo e produtos como os cigarros com sabor e os cigarros eletrónicos que podem ser atraentes para os jovens.
“Apesar do progresso em alguns países, a interferência da indústria do tabaco e o declínio do compromisso político levaram a uma grande e persistente discrepância entre o conhecimento e o controle global do tabaco”, afirma Gupta, no mesmo comunicado. “As proibições de promoção e de patrocínio devem estender-se aos media online, mas apenas um em cada quatro países proibiu de forma abrangente todas as formas de publicidade direta e indireta.”