No último sábado, 22, a ginasta norte-americana de 24 anos, Simone Biles, deixou o público da competição U.S Classic, em Indianapolis, em êxtase ao executar quase na perfeição um movimento acrobático nunca antes tentado por uma mulher, por ser considerado demasiado perigoso. De volta às competições, passado 18 meses, Biles torna-se a primeira na história a realizar o “Yurchenko double pike”.
“Yurchenko double pike” é um movimento em que os ginastas se lançam num salto à retaguarda, saltando sobre a mesa de salto e impulsionando-se suficientemente alto para dar duas voltas (no ar) com o corpo dobrado e as pernas esticadas, antes de aterrarem de pé. O nome provém da ginasta russa Natalia Yurchenko, que batizou apenas este tipo de abordagem à mesa de salto, sendo que nem a atleta alguma vez tentou este movimento. Os vídeos de Biles a executar o salto, tanto no treino como na competição, tornaram-se virais nas redes sociais.
Apesar de o executar na perfeição nos treinos, na prova a ginasta teve uma pequena falha: girou demasiado no ar, o que fez com que desse dois passos a mais a aterrar, que lhe valeram uma penalização do júri. Ainda assim, Biles venceu a medalha de ouro, com uma pontuação de 58.400. O perigoso movimento apenas lhe valeu 6.6 pontos, uma pontuação similar à que teve em saltos menos arriscados. A ginasta não se mostrou satisfeita com a pontuação que obteve.
“Não faz sentido dar luta porque não vai ser recompensada. Só temos de aceitar e ficar caladas. Eles não querem que as pontuações sejam demasiado altas. Isso é um problema deles. Não é comigo”, disse a atleta, citada pelos meios de comunicação internacionais.
A ginasta, que tinha o objetivo de se reformar depois da competição dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, viu os seus planos atrasarem-se devido à Covid-19. Muitos temiam que o atraso fosse prejudicar a ginasta. Pelo contrário, Biles continua a surpreender, sendo a atleta com mais medalhas conseguidas em Campeonatos do Mundo (25: 19 de ouro, três de prata e três de bronze) e tendo recebido cinco medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. O fim da sua carreira pode, agora, ficar adiado para depois dos Jogos de Paris, em 2024.