Este é um dia importante para a comunidade LGBTI+, destinado a celebrar as pessoas transgénero, não-binárias e de género diverso, a aumentar a consciencialização da discriminação e dignificar as suas contribuições para a sociedade.
O primeiro ano em que se celebrou este dia foi em 2009, nos Estados Unidos, a partir de uma ideia de Rachel Crandall, uma ativista transgénero norte-americana e cofundadora e diretora executiva da associação Trangender Michigan. Começou como um dia para consciencializar e celebrar os sucessos das pessoas transgénero, não-binárias e de género diverso, uma vez que até então só existia um dia destinado a estas pessoas, o Dia Internacional da Memória Transgénero, celebrado a 20 de novembro. Este é, no entanto, um dia com uma conotação negativa, uma vez que se destina a homenagear as vítimas que perderam a vida para a violência transgénero, havendo, assim, a falta de um dia que, pelo contrário, as celebrasse e empoderasse os seus feitos na sociedade. Foi desta necessidade que nasceu o dia Internacional da Visibilidade Transgénero.
Em 2020 um estudo da agência europeia revelou que 43% das pessoas LGBTI+ sentiram-se discriminadas nos 12 meses anteriores ao questionário, um aumento em relação ao anterior estudo de 2012. Dessas pessoas há ainda a destacar que houve duas vezes mais transgéneros a reportar ataques no último ano.
“Atualmente, divisões políticas e ideológicas permitiram o crescimento de vozes que incentivam e perpetuam o discurso de ódio, que querem ver os nossos direitos negados, que nos querem ver num processo dilutivo numa sociedade que nos ameaça, agride, nos patologiza e nos silencia a todo o momento. Apagando-nos da história. Aqui e em muitos países esta realidade está próxima e é uma ameaça que temos de enfrentar”, pode ler-se no manifesto pela visibilidade trans publicado pela ILGA Portugal, a mais antiga associação de intervenção lésbica, gay, bissexual, trans e intersexo, que luta pela igualdade e contra a discriminação das pessoas LGBTI+.
No que diz respeito à visibilidade, um estudo da Gallup revelou que 11.3% dos adultos LGBT identificam-se como transgénero. No entanto, quando a comunidade é representada nos media, só existem 29 personagens transgénero em horário nobre, por cabo e nas plataformas de streaming, e não há nenhuma que seja a personagem principal de um filme, segundo a GLAAD (Gay and Lesbian Alliance Against Defamation), organização dos Estados Unidos que se destina a monitorizar a forma como os media retrata as pessoas LGBT. A GLAAD defende que é imperativo que o entretenimento inclua histórias transgénero e que o “faça bem”.
“É neste momento concreto da história que nos devemos unir e fazer valer a nossa voz. Não queremos mais apagamentos, mais silenciamentos, mais lutas vazias de significado. Queremos respostas concretas, queremos as nossas identidades respeitadas, visíveis. Pois é na visibilidade que devemos existir, é a visibilidade que também a sociedade nos deve. É o direito a viver dignamente, a vivenciar todo o nosso potencial e a estar presentes no mundo”, pode ler-se ainda no manifesto da ILGA.