Nos EUA, não há consenso relativamente à reabertura das escolas, apesar de o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças estar a tentar arranjar soluções para que o regresso às aulas presenciais aconteça o mais rapidamente possível em todo o país. O presidente dos EUA, Joe Biden, referiu que um dos seus objetivos era que a maioria das instituições de ensino reabrissem nos seus primeiros 100 dias de mandato, que começou a 20 de janeiro. Em Nova Iorque, as 488 escolas públicas reabriram esta segunda-feira, dia 22, para os alunos entre o 9º e o 12º ano, embora a maioria continue a ter aulas virtuais. Noutras cidades, o processo continua a não ter vista para o fim.
Em Los Angeles, Filadélfia e Chicago, por exemplo, milhares de alunos do 9º ao 12º anos não tiveram aulas presenciais em 2020 e a situação pode permanecer inalterada durante vários meses. Em Washington, por outro lado, cada escola pública só permite receber 20% dos estudantes, e há algumas que podem não reabrir totalmente até setembro. Há ainda muitas questões por resolver, que incluem a ventilação dentro das salas, para que alunos e professores possam estar seguros e proteger-se contra a Covid-19.
Em Portugal, as creches e o ensino pré-escolar e primeiro ciclo reabriram a 15 de março e, no dia 5 de abril, as escolas reabrem para os 2º e 3º ciclos. Duas semanas depois, a 19, recomeçam as aulas presenciais para os alunos do secundário e ensino universitário. Em julho do ano passado, a Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu recomendações sobre a ventilação e arejamento dos espaços nas escolas, referindo que “sempre que possível, e que tal não comprometa a segurança das crianças e dos alunos, devem manter-se as janelas e/ou portas abertas, de modo a permitir uma melhor circulação do ar”.
Já em janeiro desde ano, e tendo em conta as temperaturas baixas, a nota da DGS enviada às escolas referia que “quando não existam nas salas de aula ou outros espaços utilizados para lecionação equipamentos de ventilação mecânica, o arejamento pode ser realizado de forma natural durante os intervalos, garantindo a ventilação e renovação do ar interior”. Ainda assim, as orientações da DGS dão preferência à ventilação natural dos espaços para renovação do ar, mesmo dando permissão à utilização de ventilação mecânica.
Em conjunto com a empresa norte-americana de engenharia JB&B, especialistas do programa Healthy Buildings, criado pela Escola de Saúde Pública de Harvard, nos EUA, e outros especialistas, o New York Times fez várias simulações que explicam o que acontece quando, numa sala com alunos – um deles infetado com coronavírus, mas assintomático – não existe praticamente renovação do ar. Em pouco tempo, mesmo com a utilização de máscaras, a sala fica no seu nível máximo de contaminação e, como há pouco ar “novo” a circular, os aerossóis contaminados com o vírus continuam a circular. Pelo contrário, a simulação demonstra a diferença da qualidade do ar quando se abre pelo menos uma janela da sala de aula.
O objetivo é mostrar como é que se podem ventilar as salas de aula, seja natural ou mecanicamente, de uma forma segura para todos, reduzindo a exposição ao vírus, mas sempre com outras medidas de proteção associadas, como a utilização de máscaras e o distanciamento físico. Ventilar as salas de aula deve ser apenas uma parte do trabalho, dizem os especialistas.