
As autoridades de saúde da região de Milão, em Itália, queriam saber como estavam os doentes recuperados de Covid-19 a retomar as suas rotinas diárias, de modo a perceberem o impacto da doença na vida das pessoas no pós-alta clínica. Com esse propósito, distribuíram um questionário de resposta múltipla, com perguntas sobre atividades como fazer compras, gerir o dinheiro, tomar medicamentos, usar o telefone ou conduzir. A certa altura, porém, surgem três temas seguidos com asterisco: “solo per le donne” (só para as mulheres). E quais eram eles? “Preparação da comida”, “Governo da casa” e “Roupa”.
“Quando li o texto pensei que estava em 1800 e não em 2021”, comentou, indignado, Luca Paladini, porta-voz da organização de defesa de direitos civis I Sentineli di Milano. Foi ele quem denunciou o caso, na manhã desta quarta-feira, 17, através do Facebook, após ter sido confronto com o questionário numa ida ao hospital.
Mais de 300 comentários e de 700 partilhas depois, além da repercussão nos meios de comunicação desta quinta-feira, 18, as autoridades de saúde italianas lamentaram a situação e retiraram o questionário de circulação. Alegam que terá havido uma falha na tradução – o questionário será uma réplica de um método de avaliação clínica norte-americano, embora neste não apareçam perguntas para serem respondidas exclusivamente por mulheres – e anunciaram uma investigação interna para perceber “como foi possível cometer este erro”.