Elon Musk anunciou, esta sexta-feira, no Twitter ter testado positivo e negativo para o novo coronavírus no espaço de 24 horas. Num total de quatro testes, o CEO da Tesla e da SpaceX obteve dois positivos e dois negativos, apesar de terem sido feitos com “a mesma máquina, o mesmo teste e a mesma enfermeira”.
O empresário americano afirma ter sintomas de uma “constipação normal”, mas optou por fazer um teste rápido para tirar as dúvidas. Contudo, os resultados não o esclareceram.
Na sua página oficial do Twitter, Musk sugeriu que os testes rápidos não eram eficazes. Em resposta a um dos seguidores que lhe perguntou se estes testes poderiam ser a causa para uma subida tão elevada no número de infetados dos Estados Unidos, o CEO da Tesla disse: “se isto está a acontecer comigo, é provável que se repita com outros”.
Os testes rápidos a que Musk se refere são os testes da Becton Dickinson and Co., que dão resultados e 15 minutos. Estes testes ainda não foram devidamente autorizados pela FDA – a agência norte-americana do medicamento – e estão a ser utilizados precocemente devido à necessidade de obter resultados rápidos.
O seu nível de sensibilidade tem sido questionado por médicos, uma vez que, se as cargas virais forem baixas, podem dar resultados negativos. Ou seja, a sua sensibilidade será tanto melhor quanto maior a carga viral presente no indivíduo.
“Os testes de antigénio [categoria a que pertencem os testes rápidos utilizados por Musk] são conhecidos pela sua incerteza”, disse o Able Lawrence, professor de Imunologia Clínica e Reumatologia à revista Forbe.
Os testes rápidos de antigénio detetam uma proteína do vírus SRA-CoV-2 para determinar a infeção, e assumem, por vezes, resultados incorretos – um intervalo de erro que vai dos 10 aos 20%. Os seus pontos fortes, corroborados por Lawrence, são a rapidez e a baixa complexidade de execução técnica.
Por causa dos resultados inconclusivos dos testes rápidos, Musk disse que vai “realizar testes PCR de laboratórios diferentes”. Ao contrário dos testes rápidos, os testes PCR demoram, normalmente, 24 horas.
Os testes PCR – testes de reação em cadeia da polimerase – funcionam de forma diferente dos testes de antigénio. Detetam a presença de coronavírus no aparelho respiratório e, por esse motivo, são também conhecidos como “testes diagnóstico”.
Apesar de terem sempre associado um certo nível de erro, os testes PCR são considerados a melhor opção para diagnosticar casos positivos de Covid-19.
Desde o início da pandemia, Musk tem vindo a questionar as restrições impostas pelo governo para combater o aumento de infetados pelo novo coronavírus, contribuindo ele mesmo para a disseminação de informações falsas sobre a Covid-19.
Numa entrevista para o podcast “Sway” do New York Times, Musk disse que nem ele, nem a sua família iriam vacinar-se contra a Covid-19, justificando que “não se encontravam em situação de risco”.
“A coisa certa a fazer seria não ter feito confinamento, mas, penso eu, ter as pessoas de risco em quarentena até a tempestade passar”, disse o CEO da Tesla durante o episódio do podcast.
Em julho, Musk escreveu no Twitter que o surto de casos de coronavírus era explicado por erros nos testes e não por um aumento do número de infeções.