Há anos que várias teorias tentam explicar de que forma “The Matrix” poderia representar uma enorme metáfora acerca da aceitação de uma identidade própria. Agora, Lilly Wachowski, uma das realizadoras de “The Matrix”, revela que os filmes são, de facto, uma metáfora para a transição de género.
As irmãs e realizadoras dos filmes “The Matrix”, Lana e Lilly Wachowski, revelaram-se mulheres transgénero em 2010 e 2016, respetivamente. Ao longo dos anos, os fãs acreditavam que principalmente o primeiro filme estava repleto de mensagens subliminares acerca da transição de género.
Numa recente entrevista à Netflix, Lily Wachowski admitiu que a história é “sobre o desejo de transformação, mas foi apresentada de um ponto de vista muito fechado”, uma vez que o “mundo corporativo não estava pronto para ouvir a mensagem” há 21 anos, altura em que o primeiro filme estreou.
Após os comentários das irmãs, a Netflix divulgou os principais pontos presentes na narrativa que indicam esse desejo de transformação por parte das personagens, e que remetem à transição de género. É o caso da personagem principal Neo, interpretado por Keanu Reeves. “Ao ‘acordar’, Neo começa a sua transição de uma identidade – de Thomas A. Anderson, o nome que lhe foi atribuído pelas máquinas – para aquela que ele criou para si próprio – Neo, o nome escolhido por si”, refere um dos tweets.
Um outro aspeto referido na publicação é que até os famosos comprimidos azul e vermelho, também fazem parte da metáfora transgénero. Numa das cenas mais famosas, Neo tem de escolher entre o azul, que lhe permitirá permanecer numa ignorância feliz, ou o vermelho, que lhe mostrará verdades desagradáveis. Então, ele decide escolher o comprimido vermelho. Um dos tweets diz que “o comprimido é a porta de entrada de Neo para ele ver o mundo como ele é, e os sistemas construídos para definir e controlar a sua identidade”. Para além disso, “é também uma metáfora apropriada para a terapia hormonal”.
Na entrevista, Lilly Wachowski disse, ainda, que se sentia muito feliz pelo facto de as pessoas debaterem o tópico sobre a narrativa transgénero nos filmes “The Matrix. “Eu adoro o significado que estes filmes têm para as pessoas trans, bem como a maneira como elas vêm até mim e dizem: ‘estes filmes salvaram minha vida’”. Acrescenta, ainda, que quando se fala em transformação, especialmente “no mundo da ficção científica, que tem a ver apenas com a imaginação”, considera que é esse aspeto que faz com que os filmes acabem por ter tanto significado para a comunidade transgénero.