O surto da Covid-19 gerou uma natural elevada e generalizada preocupação na população portuguesa. Na semana da declaração do estado de emergência, o nível de preocupação acompanhou a evolução do anuncio das medidas, resultado da atenção dada ao assunto. Entre 13 e 23 de março, observa-se um crescimento claro nos níveis de preocupação reportados. A partir do dia 18, o nível de preocupação numa escala de 0 a 4 aumentou em 0,4 pontos (cerca de 10%), o que coincide com a entrada em estado de emergência. Esta preocupação, sendo elevada de forma geral, não é igual para todas as pessoas, já que encontramos diferenças ligadas à idade e também à situação profissional dos cidadãos (em que setor trabalham, ou o facto de serem estudantes, reformadas ou desempregadas, por exemplo). O que se mostrou mais preocupado, nesta semana, foi o grupo das pessoas com mais de 25 e menos de 45 anos. Os jovens foram os menos preocupados, sendo também o grupo que menor risco de saúde enfrenta (informação que tem sido amplamente difundida). A preocupação sentida não é independente da área de atividade profissional. Quem trabalha em turismo e em restauração tem maior preocupação, adicionando o lado profissional, de potencial redução de rendimento, à questão da saúde.
Por Pedro Pita Barros, Eduardo Costa e Sara Almeida (Centro de Investigação em Economia da Saúde, Nova School of Business and Economics)
Fonte: Inquérito sobre a pandemia Covid-19 (5 210 pessoas constituem a amostra ao inquérito, realizado entre os dias 13 e 27 de março, ainda em aberto)