Desde o final de dezembro que o novo coronavírus já infetou em todo o mundo mais de 120 mil pessoas. Investigadores e autoridades de saúde pública mundiais acreditam que o contacto entre pessoas infetadas é o principal meio de transmissão da doença. No entanto, uma equipa de investigadores americanos descobriu agora que muitas transmissões do vírus estejam a acontecer pelo ar ou através de superfícies contaminadas.
O estudo, divulgado esta quarta-feira, concluiu que as gotículas de saliva infetada que ficam suspensas no ar depois de alguém tossir ou espirrar, assim como aquelas que ficam depositadas em diversas superfícies de vidro, plástico ou aço inoxidável, podem constituir veículos de transmissão do novo coronavírus. Os resultados mostraram que a doença é capaz de sobreviver no ar até 3 horas; nas superfícies – como maçanetas, por exemplo -, o período de tempo pode estender-se até aos 3 dias, dependendo do tipo de material.
Os investigadores responsáveis pelo estudo acreditam que os resultados desta descoberta podem ajudar as autoridades sanitárias a tomarem mais medidas para impedir a evolução desta pandemia, embora, até ao momento, não existam casos confirmados por contágio através do ar ou superfícies contaminadas.
Além disso, a equipa de investigadores conseguiu ainda identificar fortes semelhanças nos fatores de transmissão entre o Covid-19 e a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) que atingiu em 2003 o sudeste asiático – nomeadamente, a dependência de ambos da temperatura e da humidade relativa do ar.
O estudo aguarda ainda a revisão dos pares, para que os resultados sejam confirmados e o relatório possa ser publicado numa revista científica.
Citada pela revista Time, Julie Fischer, professora de microbiologia da Universidade de Georgetown, disse que a investigação tem uma base sólida e reitera que os conselhos das autoridades de saúde devem ser acatados e cumpridos com responsabilidade: “O que precisamos de fazer é lavar as mãos, ficar conscientes de que as pessoas infetadas podem estar a contaminar as superfícies e manter as mãos afastadas do rosto”.
Também nos últimos dias, um outro estudo, publicado por cientistas chineses na revista Practical Preventive Medicine, aproximou-se destas conclusões. Segundo a imprensa chinesa, a pesquisa concluiu que o novo coronavírus se podia propagar pelo ar durante pelo menos 30 minutos e contagiar alguém a 4,5 metros, ou seja, mais do que a “distância de segurança” recomendada pelas autoridades de saúde de todo o mundo.
Enquanto estas conclusões aguardam aprovação das autoridades, o melhor é mesmo seguir as medidas apresentadas pela OMS e Direção-Geral da Saúde: lavar as mãos com regularidade, evitar tocar nos olhos, boca e nariz, e reduzir os contactos sociais.