A Inteligência Artificial (IA) permitiu a uma equipa de investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolver um poderoso antibiótico que consegue eliminar bactérias resistentes a alguns dos medicamentos mais eficazes do mundo. Chama-se “halicin” e os últimos testes mostram que esta nova fórmula antimicrobiana consegue combater três bactérias resistentes que a Organização Mundial de Saúde classifica como “críticas”.
“Acho que este é um dos antibióticos mais poderosos alguma vez descobertos”, disse James Collins, bioengenheiro da equipa do MIT, citado pelo Guardian. “Tem uma atividade notável contra uma ampla gama de patógenos resistentes a antibióticos”, acrescentou.
Este fórmula inovadora funciona de forma distinta daquelas que a ciência conheceu até hoje e é o primeiro antibiótico a ser desenvolvido com recurso a IA, a partir de um vasto campo de dados que incluiu mais 100 milhões de compostos farmacêuticos diferentes – e que esta nova tecnologia foi capaz de verificar em apenas alguns dias.
Mas o processo não ficou por aqui. Para encontrar esta nova fórmula, a equipa de investigação teve de desenvolver um algoritmo com capacidade para identificar todas as moléculas que eliminam bactérias. Ao todo foram identificados largos milhares. Algo que, sem a IA; seria impossível, disse o autor do estudo, Jonathan Strokes: “Ser capaz de testar estes compostos químicos no computador reduz drasticamente o tempo e o custo da análise”, concluiu.
Depois disso, foi preciso esperar algumas horas até que o programa conseguisse apresentar os primeiros resultados. Um deles chamou particular atenção da equipa que imediatamente apelidou o antibiótico de “halicin”, em homenagem ao filme de 2001 “Odisseia no Espaço”.
Os resultados dos últimos estudos, publicados agora na revista Cell, mostraram que o poderoso antibiótico foi capaz matar o Mycobacterium tuberculosis, a bactéria causadora da tuberculose, entre outros organismos bacterianos resistentes para os quais os antibióticos mais eficazes do mercado não conseguem já dar respostas.
Estas poderosas bactérias desenvolvem-se a partir de sucessivas mutações que ocorrem ao longo de um processo de evolução dentro do nosso organismo na tentativa de resistirem às diferentes fórmulas antimicrobianas. Um recente relatório publicado pelo governo britânico alerta para a possibilidade de até 2050 morrerem mais de 10 milhões de pessoas por infeções, devido às bactérias multirresistentes.
O objetivo agora é encontrar novos antibióticos com características mais precisas na eliminação de bactérias especificas de forma a evitar que este tipo de medicamentos matem as bactérias saudáveis que vivem nos nossos intestinos ao mesmo tempo que eliminam as causas das infeções.