Com base na venda de medicamentos, a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Associação Nacional de Farmácias estimam que Portugal possa atingir o pico da gripe já a seguir ao Natal. Mas o pneumologista e consultor da DGS Filipe Froes alerta que o pico pode ser mais tardio do que se pensa.
“Tendo em conta o que aconteceu na época passada, no hemisfério sul, podemos ter uma atividade mais espalhada em termos temporais, com o pico na segunda quinzena de janeiro”, pormenoriza. Na Austrália, que costuma ser um bom modelo para o que se passa na Europa, o período da gripe terminou em agosto e o vírus predominante foi o AH3N2 . Isto deu direito a uma temporada muito estendida no tempo e particularmente gravosa para os idosos, em que o sistema imunitário está mais fragilizado. Ora em Portugal, para já, o vírus dominante é o B. “Não é habitual haver uma disparidade assim tão grande entre os dois hemisférios, costuma haver uma continuidade. Portanto podemos pensar que ainda haverá uma substituição do B pelo A”, continua Filipe Froes.
Tipicamente, o vírus A atinge com mais severidade as pessoas com mais de 65 anos, dando origem a épocas da gripe bastante prolongadas no tempo. Até agora, a rede nacional de cuidados intensivos, que inclui dados de 20 unidades de saúde, regista apenas quatro casos de internamento por gripe, todos do tipo B. Durante o pico, a média de internamentos é de dez pessoas por semana.
Quer um quer outro tipo de vírus fazem parte da vacina deste ano. Filipe Froes sublinha a importância de especialmente os idosos e as pessoas com doença crónica se vacinarem. “Admitindo que o pico só será atingido em janeiro faz todo o sentido que as pessoas ainda se vacinem.”
Estar imunizado contra o Influenza não significa que se vai escapar da gripe. A grande vantagem da vacina, que tem uma eficácia de cerca de 50%, é evitar a pneumonia bacteriana secundária – que surge devido à fragilidade provocada pelo vírus – e a descompensação de patologias crónicas. O que tem toda a relevância num país em que metade da população sofre de alguma doença crónica.