A observação de quase 400 orcas permitiu a um grupo de investigadores descobrir que as fêmeas mais velhas ajudam as crias a sobreviver, sobretudo em alturas em que há falta de alimento.
As orcas param o seu período reprodutivo quando chegam aos 30/40 anos mas podem viver décadas mais, um fenómeno que só se sabia existir em humanos e quatro outras espécies de mamíferos, todas baleias.
Esta é, no entanto, a primeira vez que o “efeito avó” é testado nestes animais e “é o primeiro exemplo não-humano” deste efeito “em espécies com menopausa”, como explica o autor sénior do estudo, Daniel Franks, da Universidade de York.
Este efeito já tinha sido demonstrado em elefantes, mas, neste caso, estes mantêm a possibilidade de reprodução até ao fim da vida.
Para o estudo, publicado agora no Proceedings of the National Academy of Sciences, a equipa de investigadores analisou mais de 40 anos de dados sobre dois grupos de orcas avistados ao largo da costa do estado de Washington, EUA, e da British Columbia, Canadá, e focou-se em 378 baleias que sabiam ter uma avó materna. Aquelas cuja avó tinha morrido nos dois anos anteriores tinham uma taxa de mortalidade 4.5 vezes mais elevada nos dois anos seguintes, quando comparadas com as que tinham a avó viva.
O efeito mostrou-se particularmente visível em alturas de escassez de alimentos.
“Sabe-se que partilham diretamente comida com os familiares mais novos. E também suspeitamos que façam ‘babysitting'”, acrescenta Franks.