Esta é uma história que começou numa noite de 2016 quando um morador do condado de Mayo, no oeste da Irlanda, deu de caras com a embarcação na praia. “Ligaram-nos a dizer que havia algo parecido com uma caravana dentro de água”, contou à CNN Michael Hurst, encarregado da Guarda Costeira da região, confirmando que a engenhoca em questão era feita de madeira e estava equipada com painéis solares. Dentro do navio, havia ainda uma mensagem que adensava o mistério: “Eu, Rick Small, doo essa estrutura a um jovem sem-abrigo. Para lhe dar uma vida melhor. Sem precisar de aluguer ou hipoteca.”
Depois de confirmar que não estava ninguém a bordo, Hurts postou o caso no Facebook. Num ápice foi contactado por muita gente interessada e intrigada com o mistério, mas sem nenhuma informação concreta que o levasse ao verdadeiro Rick Small. Em conjunto com a guarda costeira, a comunidade local decidiu então dar uma nova cara à embarcação e doá-la a um jardim comunitário ali próximo.
E durante três anos ninguém soube como é que aquela geringonça fora ali parar nem porquê – até que um dia, o mesmo Hurst recebeu uma mensagem de um jornalista que lhe garantiu ter resolvido aquele quebra-cabeças. Ao que avançava a Canadian Broadcaster CTV, o proprietário era mesmo o inventor Rick Small, de 62 anos – que depois explicou que construíra aquele barco solar para aumentar a consciencialização sobre as alterações climáticas.
“Costumava ir da Terra Nova até ao Ártico durante o verão para mostrar que o gelo estava a desaparecer”, contou Small, que acabou por abandonar o projeto, ou melhor a embarcação no cais, por não conseguir desenvolver o motor correto para aquela viagem – e não fazia ideia como é que tinha atravessado o Atlântico. “Mas não afundou, certo? É porque devo ter feito um bom trabalho”, rematou o inventor canadiano, a propósito de a sua casa flutuante ter feito, sozinha, perto de 5 mil quilómetros, e alcançado, sã e salva, o lado de cá do Atlântico.