“Não acontece nada”. Quem o diz é Teresa Paiva, neurologista do Cento de Eletroencefalografia e Neurofisiologia Clínica – Professora Teresa Paiva, em declarações à VISÃO. A única coisa que realmente acontece… é que tivemos mais uma hora de sono para desfrutar na noite de sábado para domingo.
Segundo a especialista, “quando a mudança de hora permite que as pessoas durmam mais uma hora, não há indicadores de que possa acontecer alguma coisa” má para a saúde.
“Dormir mais, em princípio, não faz mal”, diz a especialista, que insiste que ter mais uma hora de sono não afeta a saúde de qualquer maneira.
O problema aparece quando se dorme menos uma hora do que é costume, ou seja, durante a mudança horária primaveril. Mas mesmo assim, não está totalmente provado que assim seja.
“Ao existirem problemas é na mudança de hora da primavera”, refere a neurologista. “As pessoas podem ter mais acidentes”. No entanto, estas probabilidades são baseadas em premissas “muito questionáveis e que não são consensuais” entre todos os especialistas. Em adição, “as pessoas que queiram fazer fertilização artificial podem ter menos sucesso”, diz. “Mas os dados são questionáveis, há quem prove o contrário”.
Pelo que diz Teresa Paiva, a mudança horária não acarreta, em si, nenhum problema para a saúde. Os problemas vêm depois, durante o inverno, com a diminuição das horas de sol. “O problema não é a mudança da hora, vai ser depois no inverno”, diz. “As pessoas saem de casa de noite e entram em casa de noite, e isso sim, faz mal”.
Não se apanhar luz solar, para a especialista, é a raiz do problema. “Não apanhar luz do sol vai alterar os nossos ritmos circadianos, o nosso humor, a nossa capacidade de trabalho, a nossa vigília”. Inclusivamente, “estar sempre em ambientes elétricos, com luz elétrica, já foi declarado pela Organização Mundial de Saúde como um fator de risco de cancro”.
A especialista aconselha a, durante os meses de inverno, aproveitar os momentos solarengos para sair de casa e dar uma volta ao ar livre. Principalmente no período da manhã, pois “apanhar luz solar de manhã é o melhor antidepressivo, para todas as idades. E não se paga”, acrescenta.