A maternidade do Hospital do SAMS, onde já nasceram 20 mil bebés, vai encerrar no próximo dia 31 de Março. Os partos dos utentes seguidos pelos médicos desta unidade hospitalar vão passar a ser feitos no bloco do Hospital da Cuf Descobertas, do grupo Mello Saúde, na sequência de um protocolo feito pelas duas instituições. Rui Riso, presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, recusa, porém, a ideia de que a maternidade vai fechar. «Os partos vão apenas passar a ser feitos noutro sítio», diz à VISÃO, explicando que a decisão foi tomada depois de se ter assistido a uma diminuição do número de nascimentos. «Em tempos chegaram-se a fazer no SAMS 1.700 partos por ano, mas agora só se fazem 500 anuais», esclarece, dizendo que o número não é suficiente para manter o serviço e garantir, entre outros aspetos, a segurança necessária. «Os médicos do SAMS vão poder acompanhar as suas parturientes e no fim fazer o parto na CUF», acrescenta Rui Riso.
De acordo com este responsável, no atual espaço da maternidade, do bloco de partos e da neonatologia vai agora nascer um serviço de ginecologia especializado. Apesar das mudanças, Rui Riso garante que a maioria dos trabalhadores vai continuar a ter posto de trabalho assegurado, mas admite que possam haver rescisões. “Haverá quatro ou cinco profissionais que poderão ter de ir embora», assume, dando o exemplo dos enfermeiros que não queiram integrar a equipa de ginecologia.
A decisão está a gerar polémica entre os médicos, enfermeiros e outros profissionais do SAMS que se têm reunido e prometem tomar uma decisão conjunta. “É inaceitável que depois de um investimento tão grande que foi feito na maternidade agora se encerre a maternidade, o bloco de partos e o serviço de neonatologia do hospital”, diz à VISÃO João Proença, dirigente do sindicato dos médicos da zona sul, lembrando que há cerca de dois anos, quando o atual ministro, Adalberto Campos Fernandes foi presidente da Comissão Executiva do SAMS, foram feitos investimentos avultados na remodelação da maternidade e foi adotada uma estratégia de expansão”. João Proença acusa ainda o sindicato dos bancários da zona sul e ilhas de estar a defender esta opção de “encerramento da maternidade”, colocando-se mais no papel de “patrão do que dos trabalhadores”. E concluiu: “Na realidade, o que se passa é que se está a entregar tudo ao grupo Mello”.