Arlindo Marques não se cansa de denunciar crimes ambientais no rio que o viu nascer, crescer e tornar-se homem. “Tenho o dever de denunciar. Só páro quando isto terminar”, afirma, em tom contestatário.
Este guarda prisional, de 52 anos, morador em Ortiga – povoação entre Abrantes e Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco – é um amante da natureza e um defensor do Rio Tejo. Faz parte da associação Pró-Tejo e lamenta a poluição que tem afetado as águas onde antes tomava banho e pescava.
Na sua página de facebook, Arlindo Marques mostra o que hoje aconteceu no Tejo. Uma “espuma da morte”, como lhe chama, em toda a largura do rio na zona de Abrantes. “Todos os dias há descargas. Nunca vi nada como hoje”, conta.
Quis mostrar que a poluição não “vem de Espanha”, como “disse o senhor ministro do Ambiente” e fui filmar a montante. Em Abrantes “estava aquela espuma castanha”, mas em Vila Velha de Ródão o rio estava “limpo e cristalino”. A “descarga foi feita em Ródão e as correntes levaram-na para baixo”.
As denúncias já lhe provocaram o primeiro sobressalto. A Celtejo, uma celulose que produz pasta de eucalipto, moveu-lhe um processo por difamação nas redes sociais e pede-lhe €250 mil de indemnização, diz, indignado. O caso está em tribunal e “o presidente e o vice-presidente da câmara de Vila Velha de Ródão vão ser testemunhas da Celtejo”, contesta Francisco, um pescador da zona.
Arlindo é perentório: “Se não pararem com isto o rio não aguenta.”
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Às 10 da manhã, Arlindo Marques foi a Abrantes ver como estava o Rio Tejo naquela zona. O que viu é desolador.
A seguir foi para Vila Velha de Ródão, a montante de Abrantes, e filmou a “transparência” da água.
Ainda em Vila Velha de Ródão, junto à fábrica da Celtejo.