Investigadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, provaram, num estudo de 2015, que os surfistas engolem dez vezes mais água do mar do que outros banhistas. Agora, tentaram perceber que consequências tem na sua saúde, já que a água do mar contém inúmeras bactérias.
Para isso, os cientistas analisaram as fezes de 300 pessoas, metade delas surfistas na costa do Reino Unido, e os resultados foram claros: 9% dos surfistas têm a bactéria E. Coli resistente ao antibiótico Cefotaxima. Nos não praticantes de surf, a percentagem baixou para apenas 3 por cento.
As técnicas de tratamento de águas residuais e as chuvas intensas , por exemplo, podem transportar essas bactérias diretamente para o oceano, expondo os praticantes do surf a esse perigo.
Algumas bactérias E. Coli possuem um gene que as torna resistentes aos antibióticos e que pode ser passado entre bactérias, alastrando a capacidade para resistir ao tratamento, uma das maiores preocupações globais a nível de saúde. Os investigadores descobriram, também, que os surfistas têm quatro vezes mais tendência a conter estas bactérias com genes móveis que as tornam resistentes ao antibiótico.
Anne Leonard, uma das autoras do estudo, diz que o foco principal agora é perceber ” como a resistência aos antibióticos pode ser disseminada através dos ambientes naturais”. Segundo a investigadora, esta é a primeira pesquisa a identificar uma associação entre a prática de surf e a colonização intestinal por bactérias resistentes a antibióticos. Os resultados podem variar entre países e de acordo com as práticas de tratamento de águas e o uso de antibióticos.
Will Gaze, um dos supervisores da pesquisa, diz que o objetivo do estudo não é desencorajar as pessoas de entrar no mar, já que se trata de uma atividade que traz muitos benefícios para a saúde, mas sim alertar para a necessidade de tomar medidas no sentido de melhorar a qualidade das águas do mar, em prol da saúde pública.