Os 15 módulos e os veículos SpaceX Dragon e Orbital Cygnus da Estação Espacial Internacional (ISS) já podem ser visitadas em 360º, à distância de um clique no Google Street View no Google Maps. No ano em que o Street View celebra o seu décimo aniversário, apresenta a primeira coleção de imagens registada num ambiente sem gravidade. Esta será também a primeira coleção do Street View com anotações, uma funcionalidade que até agora estava apenas disponível para o museus presentes no Google Arts & Culture. À medida que se vai fazendo uma visita pelos módulos da ISS no Google passa a ser possível ver anotações com informação útil sobre os locais onde os astronautas fazem ginástica, como se alimentam ou sobre os locais onde fazem experiências científicas. Tudo isto 48 anos depois da primeira missão tripulada na lua.
Thomas Pesquet, astronauta da Agência Espacial Europeia (ESA), passou seis meses na ISS como engenheiro de voo. Regressou à terra no mês passado e conta como é viver na ISS e a sua experiência na captação de imagens para o Street View imagery com gravidade zero.
“Nos seis meses que passei na Estação Espacial Internacional foi difícil encontrar as palavras certas ou a fotografia certa que descrevesse, de forma precisa, a sensação de estar no espaço. Na minha última missão, em conjunto com a Google, registei imagens para o Street View para mostrar como é a ISS por dentro e partilhar com todos como é olhar para a terra a partir do espaço.
Há 16 anos que astronautas trabalham e vivem na ISS, uma estrutura composta por 15 módulos ligados e que viaja a 402 quilómetros da terra. A ISS funciona como base para a exploração espacial – para possíveis missões futuras a Lua, a Marte e Asteróides – e proporciona-nos uma perspetiva única da terra. Ali recolhemos informação sobre os Oceanos, a Atmosfera e sobre a superfície terrestre e podemos também realizar experiências e estudos que são impossíveis de fazer na Terra, tais como monitorizar como o corpo humano reage à microgravidade, resolver mistérios do sistema imunitário, estudar ciclones e alertar populações e autoridades sempre que uma tempestade se aproxima ou monitorizar o lixo marinho – o crescimento galopante de lixo encontrado nos nossos oceanos.
Houve algumas coisas peculiares nesta missão. Ela foi liderada por Peggy Whitson que, aos 56 anos, tornou-se na mulher mais velha a viajar para o espaço e a primeira na história a comandar duas expedições. Nesta missão captaram-se também as primeiras imagens para o Street View capturadas fora da Terra e as primeiras anotações – pequenas e úteis notas que surgem à medida que as pessoas vão explorando a ISS – foram acrescentadas também às imagens recolhidas. Elas proporcionam informação adicional ou factos engraçados sobre os locais onde fazemos ginástica, o que comemos e onde realizamos experiências científicas.
Devido aos constrangimentos particulares de viver e trabalhar no espaço, não foi possível recolher imagens para o Street View através dos métodos tradicionais da Google. Em vez disso, a equipa do Street View trabalhou com a NASA no Johnson Space Center em Houston, Texas, e no Marshall Space Flight Center em Huntsville, Alabama, para se criar um método para a captação de imagens em ambiente sem gravidade e através de câmaras DSLR e de equipamento disponível na ISS. Depois recolhi então as imagens, posteriormente enviadas para a Terra onde foram “coladas” para criar imagens panorâmicas a 360º da ISS.
Tivemos de solucionar uma série de problemas antes de captar as imagens finais que estão hoje disponíveis no Street View. A ISS tem equipamentos técnicos em todos os espaços, com imensos cabos e uma complexa configuração, com módulos em todas as direções – para a direita, para esquerda, para cima, para baixo. E um espaço muito preenchido, com seis membros da tripulação que realizam experiências e atividades de manutenção 12 horas por dia. Há imensos obstáculos e tínhamos tempo limitado para captar as imagens. Por isso, tínhamos de acreditar que a nossa abordagem ia funcionar. E havia ainda a questão da gravidade zero.
A partir de hoje, todos podem fazer uma visita à ISS através do Street View – onde apenas alguns tiveram a sorte de pisar. Nada disto seria possível sem o trabalho de uma equipa na Terra, os meus colegas da ISS e dos países que se juntaram para nos enviarem para o espaço. Olhar para a Terra a partir de cima faz-me ver o mundo de uma forma um pouco diferente e espero que a ISS no Street View faça o mesmo com o resto da pessoas.”