Foi há pouco mais de seis meses que um turista que visitava o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, derrubou um oitocentista arcanjo São Miguel, enquanto recuava para tirar uma fotografia. Na altura, levantou-se a hipótese de o acidente ser fruto da escassez de vigilantes. Nada se provou, mas, por vias das dúvidas, reforçou-se a equipa com mais três pessoas, em resultado de um concurso. Mas a VISÃO soube que, em simultâneo, foram retirados igual número de seguranças externos, pelo que o efetivo se mantém, desde então, em 25 vigilantes que pertencem aos quadros – metade do que eram em 1987. A este número, acrescem 7 pessoas do Centro de Emprego e um segurança externo, de uma empresa privada.
Estas 33 pessoas são responsáveis por vigiar 80 salas, duas portarias, os bengaleiros, a loja, o auditório, a biblioteca e o jardim do segundo museu mais visitado no primeiro trimestre deste ano (50 mil visitantes anuais). Em 1987, quando havia 50 vigilantes no quadro, o museu tinha menos 10 salas abertas ao público e um número incomparavelmente menor de turistas.
Perante esta situação, e quando estão 12 pessoas de baixa – garantem-nos que não é um protesto – e 7 de férias, não admira que o museu se tenha visto obrigado a fechar, desde a semana passada, os pisos 1 e 2, onde estão peças de mobiliário português, artes decorativas francesas, ourivesaria, arte da expansão e cerâmica. O piso 3 encerra também do meio-dia às três da tarde. É lá que se encontra a coleção de pintura e escultura portuguesas, de onde se destacam os famosos painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves.
A Direção-Geral do Património Cultural, que tutela este e outros museus, garante que desencadeou, no início da semana passada, o processo de contratação externa de vigilantes, para “repor a normalidade”. Mas como tem de obedecer aos procedimentos normais da contratação na administração pública, não haverá novos vigilantes – quantos? – até ao final da próxima semana. No entretanto, o museu continuará quase de portas fechadas.