A denúncia chegara às Nações Unidas em 2015, pela boca de Nadia Murad, mulher Yazidi que fora capturada pelo Estado Islâmico em 2014, no norte do Iraque, e ficara às suas ordens até conseguir escapar-se no ano seguinte.
Murad, de 23 anos, explicou com detalhe todas as barbaridades, todos os horrores inimagináveis, que ela e as outras 5 mil mulheres igualmente sequestradas tinham sido sujeitas – violadas mal chegavam à puberdade, e vendidas como escravas sexuais. Além disso, um dia depois de ser capturada, Nadia Murad viu a mãe e seis dos seus irmãos serem mortos – entre outras 600 pessoas.
Informações que, logo na altura, Amal Clooney, a conhecida advogada especialista em direitos humanos – embora seja igualmente famosa por ter casada com um dos galãs de Hollywood considerado eterno solteirão, o ator George Clooney – não teve dúvidas em classificar: “Não haja dúvidas: o que Nadia nos relatou foi um genocídio – e isto não acontece por acaso.”
Nadia Murad foi entretanto nomeada embaixadora da boa vontade em representação das mulheres yazidi – mas a verdade é que, desde então, nada mudou. E Amal, como sua representante, não quis deixar o momento passar em vão, no seu primeiro discurso nas Nações Unidas.
“É a primeira vez que venho falar a esta câmara. Quem me dera poder dizer-me orgulhosa de estar aqui – mas não estou. Como defensora da Organização das Nações Unidas, sinto-me deveras envergonhada por nada terem feito para prevenir e punir quem conduz este genocídio, pondo os seus interesses em primeiro lugar.” E de frente para Nadia Murad, dirigiu-lhe o pedido de desculpa: “Lamento que te tenhamos dececionado”, lembrando que mesmo assim não a calarão, e continuará a falar em nome das sobreviventes.”