Três pessoas morreram na terça-feira, no Funchal, na sequência dos incêndios que deflagraram no concelho no dia anterior, entre elas uma idosa acamada numa das residências atingidas pelas chamas.
A informação foi hoje confirmada por fonte do Governo Regional da Madeira. As mortes ocorreram na Pena, perto do centro da cidade do Funchal, onde na zona histórica arderam pelo menos 37 casas.
A mesma fonte do governo regional adiantou que uma pessoa está dada como desaparecida.
Os incêndios que deflagraram pelas 15h30 de segunda-feira provocaram ainda dois feridos graves e cerca de mil desalojados, entre residentes e turistas, com muitas casas e o hotel Choupana Hills a serem consumidos pelas chamas. Ontem à noite, o fogo desceu à cidade e chegou ao centro histórico de São Pedro. Os prejuízos materiais são avultados.
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As autoridades tiveram de evacuar dois hospitais e vários hotéis, tendo alojado cerca de 600 pessoas no Regimento de Guarnição n.º3 (quartel do Funchal), 300 no estádio dos Barreiros e 50 no centro cívico de São Martinho.
O Governo Regional da Madeira dispensou os funcionários considerados não imprescindíveis de comparecerem ao serviço na manhã desta quarta-feira para evitar um grande afluxo de pessoas no centro da cidade.
Os focos de maior preocupação para as forças de segurança são os da Choupana e Boa Nova. Outras frentes de incêndio também se registam nos concelhos de ilha, sendo de alguma preocupação a situação na Ponta do Sol.
Cerca de 135 efetivos, 115 oriundos de Lisboa e outros 20 dos Açores, foram enviados para a Madeira para reforçar as equipas no combate aos incêndios.
A Polícia Judiciária deteve um homem de 24 anos, suspeito de ter provocado os incêndios, que já terá confessado o crime. Tem antecedentes criminais na matéria e não lhe são comnhecidos problemas psiquiátricos. No entanto, será um consumidor assíduo de álcool e droga.
As elevadas temperaturas e o vento forte têm estado a dificultar as operações de combate às chamas.
UM PAÍS A ARDER
Cerca de 960 operacionais estão hoje a combater nove incêndios, considerados de maior dimensão, nos distritos de Aveiro, Braga, Guarda, Porto, Viana do Castelo, de acordo com a informação disponibilizada pela Autoridade de Proteção Civil às 4h50 na sua página.
Em Aveiro estão em curso três incêndios, o maior no concelho de Arouca, na localidade de Janarde, onde 206 operacionais combatem as chamas, apoiados por 48 meios terrestres, um fogo que o presidente da Câmara de Arouca considerou, ao início da madrugada, “descontrolado”, tendo já levado à evacuação de povoações.
Ainda em Aveiro, as chamas lavram no concelho de Santa Maria da Feira, localidade de Canedo, com 56 operacionais no terreno apoiados por 14 viaturas, e também em Castelo de Paiva, localidade de Real, com 52 operacionais e 16 meios terrestres.
Em Viana do Castelo há igualmente três incêndios de dimensão considerada significativa. O maior é no concelho de Vila Nova da Cerveira, localidade de Covas, onde 183 operacionais e 61 meios terrestres combatem o fogo que começou na tarde de domingo e tem ainda duas frentes ativas.
No distrito de Viana do Castelo regista-se também um incêndio no concelho de Arcos de Valdevez, na localidade de Travanca — Cabana Maior, onde estão 167 operacionais e 55 viaturas. A Proteção Civil destaca ainda o fogo com duas frentes ativas em Igreja Vilar Murteda, combatido por 93 operacionais e 27 veículos.
O incêndio mais recente teve início esta terça-feira, poucos minutos antes da meia-noite, no distrito da Guarda, no concelho de Sabugal, localidade de Pena Lobo. O fogo com duas frentes é combatido por 75 operacionais e 19 meios terrestres.
Em Braga, as chamas lavram, desde o início da noite de terça-feira, em Encourados, no concelho de Barcelos, onde estão 70 operacionais, e no distrito do Porto são 58 os operacionais que combatem as chamas em Milhundos, no concelho de Penafiel.
No total, 960 operacionais estão atualmente no terreno.
A Proteção Civil destaca na página como “ocorrências importantes” os fogos com duração superior a três horas e com mais de 15 meios de proteção e socorro envolvidos, mas apenas contempla os incidentes do continente, já que as regiões autónomas têm serviços próprios nesta área.