Todos os minutos contam, quando se trata de debelar um enfarte do miocárdio. O atraso na resposta pode significar sequelas para o resto da vida – como a insuficiência cardíaca – ou mesmo a morte.
Em Portugal, em 2011, só 33% dos doentes que estavam a sofrer um enfarte ligavam para o INEM. Os restantes iam para o hospital pelos seus próprios meios ou limitavam-se a esperar que os sintomas passassem. Perde-se, assim, muitas vezes a possibilidade de tratamento. “A partir das 12 horas, após o início dos sintomas, qualquer terapêutica torna-se muito pouco eficaz”, alerta o cardiologista Hélder Pereira, 54 anos. Preocupado com estes números, que se traduzem em mortes precoces e desnecessárias, o especialista trouxe para o País a campanha lançada pela Sociedade Europeia de Cardiologia: “Não perca tempo, salve uma vida!”
E o balanço de dois anos de atividade mostra que o esforço de sensibilização da população e até da classe médica foi compensador: diminuiu o tempo que os doentes demoram até pedirem ajuda e também o número de pessoas que se encaminham para hospitais sem capacidade de realizar uma angioplastia – cirurgia de desobstrução das artérias cardíacas, o tratamento de eleição, em caso de enfarte. “Usamos recursos baratos, como o Facebook, o YouTube, estabelecemos protocolos com as autarquias, com o INEM. O objetivo é levar os doentes a ligar para o Instituto de Emergência Médica assim que surgirem os sintomas. Por cada 30 minutos ganhos, a mortalidade reduz-se 10 por cento”, sublinha Hélder Pereira, diretor de serviço do Hospital Garcia de Orta. “Portugal, que fez muito, com pouco, tornou-se exemplo a nível europeu e já há quem esteja a copiar a estratégia”, orgulha-se o médico. Que deixa o conselho: “Se sentir dor ou aperto no peito, uma pressão que irradia para as costas e braços, acompanhada de náuseas, vómitos ou suores não hesite, ligue o 112.” Tempo é vida.