À mesma hora que o treinador do Inter de Milão, José Mourinho, festejava a vitória da final da Liga dos Campeões frente ao Bayern de Munique, no Estádio Santiago Bernabeu, em Madrid, por cá no segundo dia de Rock in Rio Lisboa ouvia-se Leona Lewis no palco principal, com o seu R’n’B seguro, enquanto Rui Veloso e Maria Rita encantavam no Palco Sunset.
Cerca de 41 mil pessoas (dados da organização às 20 horas de sábado) circulavam pelo Parque da Bela Vista onde as filas eram, na realidade, menores do que na véspera, à excepção da Fábrica de Sofás da Vodafone que era infindável. Nem para as casas-de-banho há filas daquelas. Pelas nove da noite, ainda em regime lusco-fusco, e com uma brisa refrescante, a contrastar com a tórrida noite anterior, dos três quartos duplos do Hotel da Vodafone a vista era arrebatadora e aliciante. Quantos não pagariam para ter um quarto com 25 metros quadrados, com casa-de-banho privada (mais nove metros quadrados), televisão, t-shirt’s, escova e pasta de dentes, jantar na esplanada à chegada e pequeno-almoço na partida? Ora em cada noite de Rock in Rio seis sortudos vão ter essa mordomia e de borla. Apenas tiveram de participar em concursos da marca de telecomunicações. Mas apesar de ter isolamento de som, será que alguém conseguiu dormir?
É que nesta noite de celebração dos 25 anos do festival a festa no Palco Mundo durava até às quatro da manhã com a actuação dos 2 Many Dj’s LIVE que não contou com Stephen Dewaele (perdeu o avião), mas com Stefaan Van Leuven, um dos elementos dos Soulwax que concebeu o projecto, junto com David Dewaele. Até ao final do Rock in Rio no próximo fim-de-semana (27, 29-30 Mai) trinta pessoas viverão esta experiência inédita de pernoitar num hotel dentro de um recinto de um festival de música.
Pelas 21 e 30 Rui Veloso despede-se no seu último encore cantando “Chico Fininho”. É hora de jantar mas não há caos, é possível comprar fatias de pizza nas calmas. Lá em baixo, a caminho do Palco Mundo, uma fanfarra da Pepsi entretém o público, assim como flash mobs e karaoke no stand de uma instituição bancária. Dez horas em ponto, Sir Elton John actua pela terceira vez em Portugal (em Setembro de 2000 abandonou o Salão Preto e Prata do Casino Estoril, mas em Junho de 2009 tocou no Pavilhão Atlântico). Pontualidade britânica! Surge de óculos escuros, camisa em tom azulão e casaco preto com lantejoulas nas costas. A abrir “Goodbye Yellow Brick Road”, “Funeral for a friend/Love lies bleeding”. Acompanhado por cinco músicos, Reginald Kenneth Dwight (verdadeiro nome de Elton John) mostrou-se muito comunicativo, simpático e até comovido com os aplausos. Nesta noite para gente crescida, com uma plateia mais calma, com mais cabelos brancos e uns quilinhos a mais, Elton John passou por muitos dos seus clássicos: “Saturday’s night alright for fighting”, “Philadelphia freedom”, “Rocket man”, “Don’t let the sun go down on me”, “Crocodile rock”, “Candle in the wind” ou “Your song”. Mas ficou a faltar “Nikita”, entre outras. Goste-se ou não, conhecendo mais ou menos do trabalho deste cantor e compositor com 40 anos de carreira, é unânime dizer que foram duas horas muito bem passadas.
O fogo-de-artifício voltou ao céu lisboeta, enquanto no palco tudo era preparado para receber o reencontro dos Trovante, 11 anos depois da última aparição (1999) e 34 anos após a sua fundação. Com Luís Represas e João Gil chegam ao palco todos os membros que passaram pelos Trovante. Pelo pórtico principal muitos já estão de partida e não ficaram para ouvir “Xácara das Bruxas”, “Namoro”, “Memórias de Um Beijo”, “Um Caso Mais”, “Perdidamente”, “Balada das Sete Saias”, “Fizeram os Dias Assim”, “Saudade”, “125 Azul”, “Timor”. O público pedia “só mais uma, só mais uma”. A banda abraçada tentava combinar a próxima música, mas a organização não autorizou. Era uma e quarenta da manhã, faltavam vinte minutos para os 2 Many Dj’s subirem ao placo… Uma pena, pois os músicos queriam e a plateia também.
A Cidade do Rock vai para manutenção nos próximos dias, mas na próxima quinta-feira, 27, está novamente de portas abertas para os concertos de Muse e Snow Patrol, entre outras actuações. No sábado, 29, é a loucura e histeria colectiva à volta de Miley Cyrus (a Hannah Montana) e o Rock in Rio Lisboa 2010 termina com som da pesada de Rammstein e Megadeth no domingo, 30.