Em entrevista ao programa da VISÃO Irrevogável, esta quarta-feira, Basílio Horta, 77 anos, revela-se bastante crítico, relativamente à prestação dos serviços públicos do Estado, no seu concelho, nesta fase da pandemia. Eleito, duas vezes (2013 e 2017) como independente nas listas do PS e recandidato este ano, o antigo fundador do CDS ressalva a sua sintonia com o Partido Socialista, ao nível local, e elogia António Costa, mas considera que, ao contrário do que acontece na câmara por si liderada, o Estado central, para poupar algum dinheiro, deixa de prestar serviços que mais ninguém pode prestar. Dando como exemplo as contratações para a Câmara de Sintra – “apenas uma pessoa de fora, no meu gabinete” – e as três empresas municipais que, “com alguma dor”, teve de fechar, porque era preciso fazer opções financeiras para melhor servir os munícipes, considera que o Governo “nem sempre deixa de gastar onde não devia” para “poupar onde também não devia”. E afirma que preza muito a autonomia da sua Câmara, mormente, relativamente ao Governo.
Nesta entrevista, Basílio enumera o rol de investimentos que a autarquia já teve de fazer, nesta pandemia, “muitas vezes subsitituindo-se ao Poder Central”, em infraestruturas sanitárias e em programas de apoio social. Caso praticamente inédito, o da adjudicação, nos próximos dias, do novo hospital de Sintra, integralmente pago pelo município e entregue ao SNS. E conclui: “Se não fossem os autarcas, os efeitos da pandemia seriam muito mais desastrosos”.
Basílio considera que, depois de tudo o que foi feito no concelho, é impensável não manter a atual maioria absoluta, na vereação. E não põe de parte a possibilidade de, nessa circunstância, não continuar como presidente da Câmara: “O PS até pode ganhar as eleições; mas, se não tivermos a maioria absoluta, considero isso uma derrota – e essa derrota terá um rosto, o meu”. E, nesse cenário, admite alguma coligação, à esquerda ou à direita? “Não. Porque nem admito essa possibilidade”. Mas continuaria como presidente da Câmara? “Não sei. Não pensei nisso”.
Basílio critica António Costa quando este recusa o apoio do PSD a um Orçamento de Estado: “Radicalismo puxa radicalismo”. Mas considera que o atual PS está mais próximo do CDS de Freitas e Amaro da Costa do que o atual CDS…
Antigo fundador do CDS, convive bem com o facto de continuar a ser um democrata-cristão eleito por um partido socialista: “A democracia cristã, a verdadeira, não é para encostar tudo à direita. Dialoga com a social-democracia, com o socialismo democrático, são as duas correntes fundadoras da Europa!” Mas também critica António Costa, quando o primeiro-ministro quebra pontes com o PSD: “Ele disse que no dia em que dependesse do PSD para aprovar um Orçamento, o Governo acabaria… Não concordo. Esta afirmação, se for tomada pelo seu valor nominal, não devia ter sido proferida. Mas enfim, radicalismo puxa radicalismo…”. E, embora considere a geringonça “um erro”, reconhece que Costa não podia recusar apoio parlamentar para formar um governo e que a face do PS não saíu desvirtuada: “A Europa, a NATO, a iniciativa privada… Ficou lá tudo”. Mais, não tem dúvidas de que o atual PS está mais próximo do CDS de Diogo Freitas d Amaral e de Adelino Amaro da Costa do que o atual CDS…
E o que tem a dizer sobre André Ventura? “Não tenho palavras”.
Para ouvir em Podcast: